quarta-feira, 21 de setembro de 2016

2015" ENTRE PORTUGUESAS" - RECENSÕES 2015

Apresentação do livro de Rosa Maria Neves Simas, coord., (2014). A VEZ E A VOZ DA MULHER. Relações e Migrações. Lisboa: Colibri, 340 p. pela Professora Drª Maria Beatriz Rocha Trindade O livro A Vez e a Voz da Mulher. Relações e Migrações, coordenado e organizado pela socióloga Rosa N. Simas, Professora da Universidade dos Açores, foi editado pelas Edições Colibri em dezembro de 2014. O seu lançamento viria a ter lugar, no âmbito do VII Congresso Internacional "A Vez e a Voz das Mulheres Migrantes em Portugal e na Diáspora: Mobilidades, Tempos e Espaços", que decorreu na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (2015). Uma atividade académica que dá continuidade a um programa, oportunamente lançado por Manuela Marujo, Professora da Universidade de Toronto. Sem a sua persistência, capacidade de articulação institucional e qualidade de relacionamento pessoal tal não teria sido possível. O tratamento de vários aspetos subordinados ao tema "mulher" confere-lhe atualidade e as migrações, que continuam a ser objeto de interesse político e científico, mantendo-se como um dos fenómenos sociais dominantes na cena internacional, merecem uma atenção privilegiada. O tema cuja amplitude permite albergar, várias aproximações, reflete observações e interpretações diversificadas selecionadas pelo critério de uma comissão científica que integrou docentes de diversas universidades. Coube à organizadora escolher os subtemas dos seis capítulos que o constituem, de modo a que não existisse sobreposição de assuntos mas antes articulações de natureza complementar. No primeiro, "Vozes de Mulheres: Da Oralidade à Escrita", seis artigos traduzem não só a oralidade que exprime o pensamento e o sentir de quem se pronuncia como a forma escrita que os consagra. Roseli Boschilia ("Memória e Subjetividade: As Venturas e Desventuras de uma Emigrante Portuguesa") fala de deslocações intercontinentais e refere as reações e os sentimentos de uma migrante - Maria de Nazaré. As trajetórias por ela realizadas, registadas na sua memória, foram transmitidas segundo as regras da metodologia de pesquisa designada como "história oral". Sângela Hilarino analisa os "Múltiplos Olhares de uma Imigrante Negra em Portugal". O trabalho que pode ser considerado um "estudo de caso" traduz a experiência de uma cabo-verdiana residente no país, expondo os problemas decorrentes do processo de adaptação. A jornalista Nita Clímaco que hoje já muitos esqueceram ou mesmo desconhecem distinguiu-se no panorama literário português sobre a migração intraeuropeia. "Quando a Literatura Retrata a Diáspora Portuguesa em França" de Isabelle S. Marques reabilita a sua memória e permite lembrar como o romance pode constituir um poderoso auxiliar para a reconstituição da sociedade que lhe serve de pano de fundo. O percurso de "Ana Fontes: Uma Vida Suspensa de Muitas Pontes", por Maria A. C. Baptista dá conta da mobilidade que marca o percurso de uma mulher à frente do seu tempo. O pendor poético que caracteriza esta artesã mariense encontra-se patente em cadernos manuscritos que a autora procurou trazer à luz do dia. Cassilda T. Pascoal em "Quem tem Medo de Alice Moderno" equaciona a vida pouco convencional de uma notável açoriana que recusou sempre o papel secundário imposto pela sociedade da sua época. Dedicada a causas sociais deixou um importante legado reconstituído pela autora. A conjugação do mundo natural com o cultural é analisada em "Frances Dabney e Samuel Longfellow: A Natureza dos Açores numa Perspetiva Feminista e Ecocrítica", de Rosa M. N. Simas. O encadeado temático e a ilustração apresentados enfatizam o impacto da envolvência da natureza dos Açores em dois jovens artistas norte-americanos induzindo o leitor a vivenciá-la. O título "Comunicação: Da Carta à Internet" atribuído à Parte 2, com textos de Maria Izilda Matos, de Isaura Ribeiro e de Ana M. Diogo, explicita claramente o alinhamento escolhido, incidindo sobre a diversidade dos processos de comunicação. "Elos de Tinta e Papel: A Presença Feminina na Correspondência entre E/Imigrantes Portugueses" debruça-se sobre as missivas que sempre constituíram ponte transmissora de notícias e de sentimentos. Para conhecer as deslocações que ocorreram entre a sociedade de partida e a de acolhimento, relacionando passado e presente, foi utilizado um diversificado e valioso suporte escrito que integra não só as cartas de chamada como as cartas pessoais. "A Presença da Mulher na Internet", cuja introdução e evolução altera drasticamente a vida em sociedade, teve por base um estudo bibliográfico aprofundado, permitindo à autora trabalhar sobre resultados disponíveis que tiveram em conta as competências adquiridas, a regularidade do acesso, a construção de blogues e a presença nas redes sociais. "As Mães no Uso das Novas Tecnologias pelas Crianças: Protagonismo Feminino num Universo Masculino" revela a relação que ocupam os alunos no mundo digital, relacionando o contexto familiar de onde provêm e o espaço social onde se inserem com o grau de sucesso escolar atingido. Os textos incorporados na Parte 3, de temática e abordagem muito diferentes, contemplam o tema: "Tradições, Artes e Saberes". Carmen Ponte lança um olhar de grande interesse sobre "A Questão do Género nas Romarias Quaresmais de São Miguel". A figura feminina enquanto romeira, que nos é dada a conhecer através das histórias vividas e cantadas pela literatura e pela arte, relatam um riquíssimo conjunto de testemunhos escritos e orais graças à investigação realizada. Seguem-se as apresentações de Ilda Januário e Manuela Marujo sobre a comunidade portuguesa imigrada no Canadá. "Coroa e Bandeira: Mulheres e Homens nas Festas do Espírito Santo no Canadá", seleciona dois elementos fundamentais do culto próprio das Festas como objeto de estudo que não poderiam ter sido tratados de melhor forma. No quadro da religiosidade popular são assinaladas as expressões, as críticas, a discrepância e proibições resultantes de uma política tradicional que conseguiu reduzir ou quase excluir, a participação do sexo feminino nas Romarias do século XX. "Artes e Saberes Artesanais das Imigrantes Luso-Canadianas: Que Futuro?" reconhece no âmbito do quadro da arte popular a importância dos artesãos e das artesãs que conjugam memórias herdadas de uma infância, que teve lugar em espaços diferentes, com as práticas do viver atual. De entre as vertentes que pode assumir este tipo de trabalho, é dado relevo à função que ocupa como atividade profissional ou como terapia emocional. Por fim, é aberta a perspetiva de preservar a existência do trabalho artesanal através de acervos relacionados com a história da comunidade local. "Retratos de Mulheres: Da Música à Escrita" integra quatro textos relacionados com práticas artísticas femininas dando a conhecer a potencialidade oferecida pelos discursos musicais, pela imprensa local ou por revistas femininas. Em "Os Discursos (Re)Produzidos sob o Género Feminino na Música" Iran L. Nunes e Walkíria Martins, prestam uma particular atenção aos elementos relacionados com as representações sociais de letras musicais. A reflexão final traz a lume a carga transportada pelas práticas discursivas que muitas vezes sendo tratadas como "inocentes" transportam afinal opiniões e conceitos sobre formas de ser, de agir e de pensar. Posteriormente, veja-se como 137 peças do jornal Açoriano Oriental e 71 do Correio dos Açores constituíram o corpus sobre o qual recaiu a análise feita por Ana C. Gil e Dominique Faria. "Representações da Mulher na Imprensa Regional Açoriana: O Caso Açoriano Oriental e do Correio dos Açores" dá a conhecer a forma como tem sido representada nos artigos publicados, raramente assumindo um lugar central no texto noticioso. "Representações das Mulheres na Deportação" ressalta as considerações feitas à capacidade de apoio e suporte prestadas aos membros da família e as consequências de que são vítimas as mulheres se tal acontece a alguém a que se encontrem ligadas. A pertinência e atualidade do tema tornam particularmente oportuna a publicação do artigo de Ana T. Alves. Leonor S.Silva, baseia em três pressupostos o artigo "Gatas Borralheiras Emancipadas? Representações de Mulheres em Duas Revistas Femininas Portuguesas". A persistência de idênticas prioridades temáticas nessas publicações confirma-as como elemento cultural. Entre crítica e fascínio, o resultado reconhecido a este tipo de revistas é o de papel apaziguador de muitas das tensões existentes na atualidade. Todo o trabalho desenvolvido foi apoiado em obras da especialidade, que revelam a cuidada preparação que precedeu a sua elaboração. "Violência: Do Espaço Familiar à Prisão"-Parte 5 - integra quatro artigos que fazem confluir a preocupação dos autores em relação a um assunto com uma configuração muito própria. Como vítimas ("As Mulheres Enquanto Vítimas de Violência: O Caso de São Miguel no Século XIX"); confrontando o amor e o crime ("Espaços de Amor e Crime: Violência Doméstica em Lídia Jorge e Inês Pedrosa"); antevendo a mudança no devir ("Perspetiva sobre o Futuro em Mulheres com Experiência de Violência Conjugal") e o meio familiar em situações particulares de isolamento ("Reclusão Feminina e Processos de Reconfiguração Familiar") revelam uma preocupação marcante pelos ambientes e formas abusivas de relacionamentos. Susana Serpa situa-se na sociedade micaelense do séc. XVIII e os dados apurados estendem-se até ao início do séc. XX. Sem deixar de fazer uma síntese da matéria exposta, reflete sobre o silêncio que em regra recai sobre o mundo do crime e da violência. Deolinda Adão lança um olhar sobre a violência doméstica a partir das perspetivas de duas grandes escritoras portuguesas. Conclui mostrando como o problema da violência doméstica é ainda grave no país, justificando o que sobre ele tem sido escrito e o interesse que pelo seu tratamento têm mostrado muitos investigadores na área das Ciências Sociais. Suzana Caldeira e Graciete Freitas colocam questões em torno da rutura de relações abusivas e remetem o leitor para a rica bibliografia citada, dando a conhecer como o tema tem sido amplamente tratado. Uma breve nota metodológica conduz às vias e aos instrumentos de pesquisa que foram escolhidos, o que constitui uma mais-valia para a interpretação dos resultados apresentados. Rafaela Granja, Manuela Cunha e Helena Machado meteram mãos ao tratamento da "Reclusão Feminina e aos Processos de Reconfiguração Familiar", abordando os impactos sócio familiares resultantes da privação de liberdade. As implicações advindas da situação de reclusão constituem a síntese de um artigo muito rico e inovador no quadro português de análise social. A Parte 6, "Migração, Trabalho e Qualificação", coloca novamente em destaque o contexto migratório. Natália Ramos, escreve sobre "Género, Identidade e Maternidade em Famílias na Diáspora"). É lembrada, mais uma vez, como a fuga à pobreza e a falta de oportunidades, associam situações de violência e de opressão existentes tanto ao nível comunitário como no interior das próprias famílias. Em destaque, o tratamento das políticas e estratégias migratórias no que toca à integração, ao desenvolvimento e ao bem-estar. A formação pioneira que detém na área do intercultural encontra-se claramente refletida na exposição temática apresentada. A introdução de Conceição P. Ramos no artigo "Migrações Qualificadas Femininas: Desafios e Oportunidades" transporta-nos a considerações de caráter geral que colocam as migrações no seio do crescente movimento de globalização dando lugar a importantes mudanças de natureza qualitativa. Como última proposta a autora aponta sugestões que podem ser desenvolvidas no âmbito de um melhor aproveitamento da mobilidade, tendo em conta o incremento científico cultural e económico e o aumento dos fluxos migratórios internacionais qualificados. "A Arte de Ser Maria: Histórias de Trabalho, Histórias de Vida", de Lená M. Menezes, lança um rápido olhar que contempla a evolução das migrações naquele país e centra a sua atenção sobre o Estado do Rio de Janeiro. A composição dos fluxos, desequilibrada em termos de género e também menos conhecida ao nível dos estudos ou comentários feitos sobre as mulheres, dá-lhe ensejo de procurar reunir um conjunto de reflexões cujo interesse é indubitável. Toda a informação colhida em trabalho de campo permite seguir os percursos pessoais e profissionais dos entrevistados que, embora representando uma escolha intencional, ilustram de forma muito rica as suas histórias de vida. As duas autoras do texto "As Mulheres que Trabalham com Fios: Conhecimento Forjado desde as Margens", encerram o livro com chave de ouro. Amanda Castro e Edla Eggert apresentaram os resultados da pesquisa realizada sobre a tecelagem manual no Estado de Minas Gerais. A atividade artesanal referida encontra-se mapeada e presente em cerca de um quarto dos seus municípios, mostrando a importância que aí assume tal atividade. Trazer para o campo de estudos femininos a produção de tecelagem cria um espaço de debate que permite equacionar várias perspetivas e avaliar o grau de valorização que sobre ela recai. Ao ter assistido presencialmente ao Colóquio que criou o espaço formal para a apresentação das comunicações aqui referidas e após ter lido o livro que consagra o seu conteúdo e o faz permanecer na memória, necessário se torna felicitar a organizadora. Embora a sua generosidade e companheirismo a tivessem feito referir o nome de quem lhe prestou colaboração, a ela é devido o trabalho essencial que tornou possível a edição do livro agora analisado. Não constitui um trabalho fácil selecionar e reunir textos de trinta autoras de formação académica diferente, que tratam assuntos de natureza diversa, procurando agrupar cada uma das contribuições sob a cobertura de um só tema cuja abrangência seja capaz de as intitular. A escolha do nome de cada uma das Partes, que quase constituindo uma introdução, fazem antever o conteúdo de cada um dos textos publicados, proporcionando uma justa cobertura temática que sem criar fronteiras rígidas e tendencialmente limitadoras consegue criar espaços capazes de albergar contribuições diversas. As autoras conseguiram fazer chegar até nós histórias de mulheres que sem constituir representações estereotipadas podem ser consideradas como casos-tipo, ajudando a compreender a diversidade e extensão de uma tão vasta problemática. Todo este material constitui um valioso acervo documental que muito contribui para o avanço do conhecimento no campo dos estudos sobre a mulher. - "BOSTON FESTIVAL" – Um tributo aos Portugueses na América" de Manuela Bairos, 2015, Edição de Autor. Guide Arts Gráficas Por Maria Manuela Aguiar Como nos promete o título, esta monografia do "Boston Festival" fala-nos da ideia original, que floresceu num projeto concreto, os seus primeiros anos, as várias direções em que irradiou num impressionante número de realizações sociais, culturais, científicas, o modo como se integou em círculos e espaços de alto prestígio e se expandiu em parcerias institucionais singulares ou duradouras. Contudo, como o subtítulo (“um tributo aos portugueses da América”) deixa antever, é, também, uma história do passado e do presente dos emigrantes portugueses e das suas organizações, nos EUA, na Nova Inglaterra, e, em especial, na área do consulado de Boston. Fala-nos de uma cidade que é um verdadeiro símbolo do espírito que fez a América, pela liberdade, pela cultura e pela ciência e tecnologia, De um consulado antigo com cerca de 200 anos de vida (e, então, em risco de ser extinto, numa reestruturação em curso se não encontrasse, através de uma mais valia para o país, um meio de sobrevivência). De instituições centenárias de uma comunidade antiga e bem integrada - clubes, escolas, sociedades fraternais, paróquias, ritos e tradições identitários. De muitas personalidades que habitaram ou habitam este mundo lusófono e lusófilo e cujos nomes se distinguem, nos planos profissional, académico e até também político… É todo um Portugal da Diáspora que emerge nas quase 400 páginas deste riquíssimo acervo iconográfico e narrativo. Uma obra de leitura obrigatória por muitas razões e, antes de mais, porque espelha a transformação nas formas de estar e conviver de uma comunidade inteira. ao mesmo tempo que relata a aventura de construir, através do Festival, as vias de penetração no "inner circle" da sociedade bostoniana, assim como de construir pontes entre os EUA e um Portugal, redescoberto na sua modernidade, ali e então. Tudo começa no diálogo que se estabeleceu entre a Cônsul-Geral Manuela Bairos e os portugueses de Boston e prosseguiu em novos relacionamentos entre as pessoas, as entidades locais e delas com o seu país (com o país distante e com o mais próximo, que é sempre o consulado),e , igualmente, com a cidade de Boston, numa assunção de pertença, numa vontade de dar visibilidade à herança antiga e às capacidades atuais. Capacidades, recursos humanos, que, quando assim solicitados, deram vida a um espantoso espaço de cooperação luso americana nos domínios da cultura, do intercâmbio comercial e, sobretudo, da ciência e tecnologia. Manuela Bairos encontrou em Boston um consulado a funcionar bem, do ponto de vista do atendimento público, mas, nas suas próprias palavras: “Em contrapartida, notava-se uma quase ausência de presença portuguesa e um escasso reconhecimento do contributo e influência da nossa comunidade na cidade capital do Estado de Massachussets”.Foi esta a situação que se reverteu durante uma missão de cinco anos (2004-2009), com a fórmula encontrada no polifacetado Boston Portuguese Festival. Vale a pena olha-lo como um "caso de estudo" - e um exemplo da "diplomacia global", que não negligencia nenhum dos campos que se lhe oferece em concreto para atuar, nenhum dos aspetos que o conceito abrange por natureza (falar de diplomacia económica é, por isso, absolutamente redundante, como a Autora nos recorda - quando não redutor, se leva a descurar os outros ângulos...). Sabido que a situação com que a Drª Manuela Bairos se via confrontade não é inédita nem incomum em muitas outras partes do mundo da emigração portuguesa, compreende-se a importância do verdadeiro paradigma em que o Boston Portuguese Festival se converteu. Nesta obra, encontramos um manancial de dados concretos, pormenorizados - diligências bem ou mal sucedidas, reações, alianças, contributos da própria comunidade, com o fio condutor de uma avaliação objetiva e exigente. Numa linguagem clara e direta, é-nos contada, a aventura fascinante do Festival, ano a ano, os projetos que não chegaram a ato e os queo integraram, através da ação conjunta, de companheirismo, através de muitas peripécias. .Não se trata, obviamente, de um espetáculo singular, num determinado setor, mas de uma programação anual abrangente, flexível, espaço de encontro da ambição de fazer coisas grandes com os meios ao dispôr, reinventando-os, apelando a novos intervenientes. Foi preciso chamar as pessoas e as entidades ao trabalho comum, mobiliza-las, valorizando o que são capazes de fazer, por si e em conjunto. O Festival é uma aliança entre as estruturas da comunidade, que aceitem colaborar e concorrer, com a sua parte, para uma programação global de qualidade. É uma entidade nova e aberta a todos, uma organização que soma organizações e promove parcerias, que levam a mais e mais parcerias e solidariedades, antes inimagináveis – dentro da comunidade luso americana, entre o Estado e a sociedade civil, entre grandes instituições americanas e portuguesas. Portugal (com o seu mundo) redescoberto no Boston Portuguese Festival: o cinema de Oliveira, o Portuguese Speaking World Festival (com Portugal, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau), a música, Rão Kyao, Sarah Borges, heróis como Aristides de Sousa Mendes, reis do desporto como Eusébio, as conferências científicas de Mariano Gago e Maria de Sousa, a UE e o Tratado de Lisboa, a regata dos botes baleeiros (que é imagem de capa), o cavalo lusitano, o vinho Madeira, o computador magalhães, a causa de Timor, a língua e a literatura portuguesa em Harvard.. E tantas outras iniciativa,s que surpreenderam audiências nos melhores espaços de Boston, onde, praticamente, este Portugal nunca tinha entrado ... Foi essencial, na fase de arranque de um "festival" desta natureza, o papel aglutinador e mobilizador do consulado, mas, esperando `partida, que a organização se erguesse e caminhasse por si, constituíndo “o traço de união entre desafios, sonhos e pessoas, que se reuniram com orgulho, convicção e , por vezes, sacrifícios em defesa das causa portuguesas” Uma grande reunião em volta das "causas portuguesas, da parte da comunidade tradicional, e da parte da nova vaga da emigração portuguesa, de jovens luso.descendentes, estudantes, académicos, cientistas, políticos, artistas - eis o autêntico paradigma do Boston Festival. No "prefácio a quatro mãos" José Mariano Gago e Onésimo Teotónio de Almeida terminam dizendo, o que todos os leitores do livro gostariam de ter escrito : ""Uma só pessoa pode fazer a diferença. Manuela Bairos conseguiu alcondorar-se a um patamar que lhe permitiu realizar uma obra de largo alcance e que deixará frutos "à la longue". Pudera que algum cientista do MIT conseguisse cloná-la no MNE". – “PARA ALÉM DOS CLICHÉS" de Luísa Coelho (Leitora do Instituto Camões –Instituto da Cooperação e da Língua, Berlim) (apresentação de um projeto) Berlim, outubro de 2015 Desde o começo da crise económica e da aplicação de medidas de austeridade que as imagens de Portugal e da Alemanha, nos respetivos espaços, sofreram modificações devido às novas dinâmicas económicas e sociais e às hierarquias de poder e dominação dentro do espaço europeu. Este projeto ensaístico multidisciplinar da área político-social que organizei e apresentei, em colaboração com especialistas selecionados dos dois países, é composto pela edição de duas obras intituladas Contos por contar–Alemanha e Portugal (ed. Orfeu, Bruxelas, 2014) e Pontes por construir – Portugal e Alemanha (ed. Bairro dos Livros, Porto, 2015) e exprime uma vontade de abrir um discurso novo sobre os dois países. O objetivo é libertar as suas imagens, através de reflexões teóricas e narrativas de experiências, dos preconceitos negativos que penetram os discursos que os descrevem, sobretudo em Portugal. A oposição entre o discurso que nasce no interior e se confronta com o que cresce do exterior atravessa as obras e constitui um dos seus motivos dominantes. Os episódios históricos, políticos, sociais ou culturais contados ou discutidos acabam por tornar visíveis os perconceitos e os clichés que circulam sobre estes dois países para melhor os denunciar. A variação de pontos de vista adotados nestas obras, assim como a sua estruturação por temas diversos constitui um dos seus pontos fortes. Abrindo o leque temático (História, Geografia, Política, Educação, Investigação, Identidade, Cultura, Realidade e Ficção), abrange um maior número de leitores. Com efeito, apreendido sob ângulos diferentes em função da pessoa que se exprime, nativa ou estrangeira, cada país acaba por melhor poder ser apercebido na sua globalidade. Estas duas obras são acerca de Portugal e da Alemanha mas pretendem ser, principalmente, sobre os discursos que existem sobre estes países. Gostaria que levassem os leitores a refletir sobre a forma que tomaram estes países no espaço discursivo sociopolítico português e alemão. Espaço esse, imaginário, onde a falta de conhecimento das realidades vividas pelo outro traz consigo um deficit de representações que arrastam e alimentam os mal-entendidos. De facto, nesta situação, é a língua que – através dos media que com a sua função política, penetram o imaginário e permitem a hegemonia ou a submissão político-cultural – se torna o veículo das mentalidades da época. Este projeto que desagua num trabalho analítico quer provocar uma rutura no preconstruído inerente à circulação ideológica e abrir caminho ao conhecimento mútuo. –“YOLANDA”, de Ester de Sousa e Sá, pela Dra. Isabel Cristina Aluai de Araújo. Aceitei fazer a apresentação do romance YOLANDA, de Ester de Sousa e Sá, pela admiração que tenho pela autora que sei ser uma amante das artes e literaturas, cujo percurso artístico tenho acompanhado ao longo dos anos. Ester é uma mulher que causa impacto em quem a conhece não só porque é belíssima mas também pela sua determinação, resiliência e forma apaixonada como fala das coisas em que acredita, de que gosta e dos projectos em que se envolve. A palavra impossível raramente consta do seu vocabulário, pois para ela, tudo é possível quando nos dedicamos com alma e coração. Ester tem uma vivência de África de 44 anos, tendo feito os seus estudos na antiga Rodésia. Depois do casamento viveu em Moçambique, Lourenço Marques até à descolonização, altura em que emigrou com a família para a África do Sul. Desde que regressou a Portugal em 1996, dedica-se inteiramente às artes e literatura, tendo feito várias exposições a nível Nacional e Internacional, no campo da pintura. Para além dos livros que já publicou, tem ainda escrito vários contos, crónicas e poemas para algumas revistas culturais. Aliás, para a autora, a poesia é a voz da alma. Na realidade este livro, YOLANDA, é já o seu quarto livro publicado, sendo o 2º romance escrito em Inglês. YOLANDA, cuja ilustração da capa é uma aguarela da autora, é um relato simples e ao mesmo tempo, intenso, mas optimista. Esta obra leva o leitor a questionar e a potenciar os seus próprios sentimentos enquanto acompanha o percurso de uma mulher inglesa, muito doce e sofrida, que perdeu o marido, mas que resolve dar um novo sentido à sua vida e procura Portugal para se reencontrar e se reabilitar física e emocionalmente. Esta obra leva-nos, em simultâneo, a fazer uma viagem pela Costa Vicentina, dando-nos informação do ponto de vista cultural e patrimonial, com descrições arrebatadoras de paisagens e recantos do nosso Algarve. Eu diria que é um perfeito cartão de visita que leva Yolanda a ficar completamente seduzida pelos encantos de Portugal. A forma como o livro está escrito, apela à reflexão e leva-nos a encarar o Amor e o Positivismo como os motores indispensáveis à superação das dificuldades com que nos deparamos e as alavancas que nos permitem erguer em momentos de sofrimento e de dor. Em conclusão, trata-se de um livro escrito de uma forma inteligente, que quase nos obriga a não parar de ler, pois nos tornamos verdadeiros fans da personagem principal e torcemos pela sua felicidade, como se nós próprios estivéssemos a viver todos os momentos e a experienciar a ânsia de que tudo culmine num final perfeito. YOLANDA, é uma lufada de ar fresco num mundo carregado de negativismo. Afinal quem não gosta de Happy Endings? 5 - . Léa Ferreira, romance "ESTRANGEIRA A MIM MESMA". O romance trata da história de Sophie Pereira, Nascida em França de pais portugueses emigrados nos anos 70, e que é uma jovem em busca de si mesma. Ao longo do romance, acompanhamos o seu dia-a-dia, o seu novo início em que vai ser confrontada com o seu passado e a sua dificuldade em lidar com as suas origens. É com uma pitada de humorismo que vamos assistindo às suas interrogações e ao desenvolvimento das suas relações. A sua história entrelaça-se com lembranças de familiares que emigraram nos anos 70 e explicita o que vivem os luso-descendentes dessa geração, como também trata da dura realidade dos jovens portugueses que, também hoje, são constrangidos a emigrar por causa da crise económica destes últimos anos. MARIA ARCHER O LEGADO DE UMA ESCRITORA VIAJANTE, de Elizabeth Batistta, 2015, Lisboa, Fundação Prof Fernando de Pádua Por Rita Gomes A prof Doutora Elizabeth Batistta, uma das maiores especialistas sobre Maria Archer, cuja escrita foi tema da sua tese de doutoramento na Universidade de São Paulo, Brasil, vem agora neste livro publicar uma recolha do espólio de Maria Archer, com muita documentação inédita, à qual, cuidadosa e competentemente, dá tratamento científico, abrindo, assim, caminho a futuras pesquisas. Mas a obra, para além dessa vertente académica, permite-nos conhecer melhor a escritora, sensibiliza-nos para muitos episódios da sua vida, para muitas dificuldades e obstáculos, até para doenças que teve de enfrentar nos seu últimos anos no Brasil e em Portugal, e dá-nos conta do seu ativismo como feminista, para além da escrita, também como representante da Uniâo das Mulheres Democratas, filiada no Movimento das Mulheres Democratas Portuguesas, da qual foi eleita presidente. Um livro essencial para conhecer o percurso literário e existencial de Maria Archer. - MARIA ANTÓNIA JARDIM COM SIR FERNANDO PESSOA, EM PARIS! De facto, não é todos os dias que se viaja com Fernando Pessoa e até à cidade da Luz! A Maria Antónia Jardim andou com Sir Fernando Pessoa debaixo do braço. Trata-se do meu romance, cuja 2ª edição esgotou agora, no passado mês de Outubro, aquando da apresentação do livro no consulado de Portugal em Paris. Sir Fernando Pessoa já viajou comigo para o Brasil, para a Universidade de Santa Cruz, no rio Grande do Sul; para Porto Alegre, para a Feira do livro dessa linda cidade e já viajou comigo também até Bruxelas, onde foi muito bem acolhido na embaixada de Portugal, pelos alunos do Instituto Camões. Para além da Maria Antónia escritora, A. Sinai, a pintora, também ela se passeou por Paris com F. Pessoa, o Mago. Um quadro que ilustra o primeiro Arcano do tarot de Marselha com um Pessoa androgeno, criativo, inovador, celebrando a “ Manicure” de Mário Sá Carneiro e infinito na mestria de criar possibilidades outras… A meta de chegada foi o Carroucel du Louvre. Aí, F. Pessoa, o Mago, recebeu aplausos de jornalistas, críticos de arte, amigos e colegas artistas que por ali passaram… Durante a viagem foi curioso notar a curiosidade dos funcionários do controlo alfandegário do aeroporto; queriam saber tudo acerca da pintora e do quadro, até os meus dados pessoais; o mesmo acontecendo num restaurante em St. Michel. No regresso, que vejo eu nas prateleiras do aeroporto de Orly? Revistas sobre Paris e com este Inquérito na capa: “ Les femmes au pouvoir, enfim?” Talvez! "O OVO DO SAGRADO FEMININO!, de Maria Antónia Jardim, 2015, Porto, Lápis Lazuli apresentação de Maria Manuela Aguiar Ao ler o livro de Maria Antónia Jardim, ( com um belíssio prefácio deIsabel Ponce de Leão, " Passaporte para a eternidade"), pensei, insolitamente, em Elizabeth Cady Stanton e no notável grupo de feministas, que, com ela ,ousaram redescobrir a Bíblia, libertando-a da sua questionável misoginia. Mulher e homem criados, simultâneamente, à imagem de Deus... A Woman´s Bible....O ovo do sagrado feminino é a história de Rubi, ( história), contada por um homem, cujo nome não nos é dado a conhecer, É uma fantástica aventura de descoberta das origens da vida, do amor, de um relacionamento de iguais na diferença, , mulher e homem, através de muitos "encontros desencontrados". No princípio era Rubi, o mar, o Algarve, um dia de calor tórrido em Dezembro... Em oito vertiginosos capítulos uma mulher e um homem partem à descoberta mútua. É. preciso transformar a realidade em sonho, em vez de tornar o sonho a realidade. É Natal, para celebrar a vida. "É Natal, acabei de nascer", diz o homem... Na sua paixão por Rubi sente-se renascido. Nascimento, descoberta... No enredo, presenças breves, significativas, de Pessoa, Fabergé, também de Florbela Espanca para conduzir, espiritualmente a caminhada dos amantes... "Talvez tivessemos de nos perder para nos encontrarmos". Paris, Pessoa, Fabergé: Fabergé oferece a Pessoa o ovo "à la pendulette à serpent" - o relógio marca a hora 23. Assim, o encontro dos apaixonados será no Hotel de la Lys, 23, rue de la Serpent, Paris. O caminho faz-se caminhando dentro do ovo, entre a clara e a gema, até chegar à essência: o amor A demanda chega ao seu termo, no quarto do pequeno "hotel de charme", naquela rua antiga, na hora certa. Enfim. o "encontro encontrado". Uma forma única, onírica, arrebatadora de contar uma história de amor.

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