domingo, 14 de abril de 2019

AMM EM ESPINHO

As singularidades da Associação MULHER MIGRANTE


                                                                                           Manuela Aguiar
1 - A "Mulher Migrante - Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade" (AMM) está aberta a todos os que se dedicam ao estudo do fenómeno migratório ou se propõem combater as desigualdades e discriminações, que atingem, de forma especial, as mulheres migrantes e as minorias étnicas. 
Sua divisa: "Ninguém é estrangeiro numa sociedade que vive os direitos humanos". Objetivo principal: aprofundar o conhecimento de realidades variáveis de comunidade para comunidade da emigração, aproximar essas comunidades entre si, promover as condições para a cidadania plena, em cada uma delas. 
Na lista das suas singularidades, destacaremos: o ter nascido voltada para a Diáspora feminina, a partir do país; o não ser uma associação feminina, mas mista; o reconhecer, antes de uma história própria, a importância inspiradora de uma "pré-história".
 De facto, a ideia de constituir uma organização internacional de mulheres antecedera em quase uma década a fundação da AMM. Surgira em 1985, durante o "1º Encontro de Mulheres Portuguesas no Associativismo e no Jornalismo", promovido pela Secretaria de Estado da Emigração, na cidade de Viana. Esse congresso de mulheres migrantes, absolutamente pioneiro em termos europeus, e, tanto quanto se sabe, universais, dava cumprimento a uma recomendação do Conselho das Comunidades Portuguesas subscrita pela jornalista Maria Alice Ribeiro, de Toronto, uma das primeiras conselheiras a nele ter assento. O "Conselho",  órgão de consulta do governo, formado por representantes do movimento associativo e dos "media" das comunidades, espelhava, então, fielmente a marginalização feminina em cada associação - membro, e era exclusivamente masculino, com a exceção de duas jornalistas, do Canadá e de França.. ...  
 O Encontro de 1985, reunindo cidadãs envolvidas no associativismo e no jornalismo, constituiu, na verdade, uma espécie de "Conselho das Comunidades no feminino". Foi um acontecimento memorável, por ter ultrapassado, em qualidade de reflexão e propostas, as expetativas mais positivas, e, sobretudo, por ter consubstanciado o nascimento às políticas de género para a emigração. Políticas que só viriam a ser desenvolvidas, sistematicamente, duas décadas depois.
 2 - As congressistas, que haviam transformado uma inesperada oportunidade num êxito absoluto, não conseguiram, porém, nos anos seguintes, lançar a sua ambicionada e ambiciosa rede internacional. Em 1993, perante a ausência de políticas públicas para a a igualdade na emigração, assim como de iniciativas das comunidades, algumas das participantes e das organizadoras do mítico "Encontro de Viana" decidiram instituir a AMM, ONG destinada a colocar na ordem do dia as questões da emigração feminina e a repensar o papel das mulheres na Diáspora. Como começar (ou recomeçar) essa tarefa? Com um grande congresso mundial, evidentemente! E onde? Em Espinho, onde éramos residentes duas das "guardiãs" da memória do" Encontro de Viana", e, nessa veste, fundadoras da jovem associação -  Graça Guedes, antiga Diretora do Centro de Estudos da Secretaria de Estado da Emigração e eu, ao tempo responsável por esse pelouro governamental . Avançámos com a candidatura da nossa cidade,  logo aceite consensualmente. Aqui reunimos cerca de 300 personalidades dos cinco continentes. O Encontro Mundial de Espinho, sob o lema "Diálogo de Gerações". foi , até hoje, o maior de todos quantos houve. E conferiu à AMM a credibilidade bastante para se converter em parceira de sucessivos governos no esforço de promover a paridade na vida das comunidades do estrangeiro.
 A colaboração mais estreita situou-se na que podemos chamar uma "década de ouro" na defesa ativa da igualdade, por governos sucessivo, entre 2005 a 2015.  Iniciou-se com os " Encontros para a Cidadania" presididos nos vários continentes pela Dr.ª Maria Barroso, prosseguiu com os Encontros Mundiais de 2011 e 2013, em Portugal, e com os colóquios para a igualdade, realizados em diversos países de emigração, em 2012, 2014 e 2015 - todos organizados pela AMM, em estreita cooperação com a Secretaria de Estado das Comunidades. Cooperação que, de modo menos sistemático, mas com o mesmo espírito, se vem mantendo ininterruptamente.

 3 -  A AMM, como disse, não seguiu o modelo de associação feminina, que é, na Diáspora, o dominante na prossecução de finalidades semelhantes. No estrangeiro, foi sempre mais fácil às mulheres terem visibilidade e influência à frente das suas próprias coletividades do que no associativismo misto, no interior do qual só em anos recentes começaram a aceder aos lugares de direção. Onde, note-se, são ainda uma minoria. 
Todavia, a nível da AMM, já em 1993, as circunstâncias eram diferente. A nossa ligação afetiva ou profissional à problemática da emigração fazia-se a partir da investigação universitária, do serviço público, do jornalismo, de uma visão humanista/feminista de combate às discriminações em razão de sexo, etnia ou de quaisquer outros retrógrados preconceitos. Formávamos um círculo onde mulheres e homens que partilhavam pontos de vista e preocupações. Como dizia um dos pioneiros, o Comendador Luís Caetano, ainda hoje o representante da AMM no Uruguai: "Não é preciso ser jovem para tentar resolver os problemas dos jovens, não é preciso ser idoso para compreender e apoiar os mais velhos.  E não é preciso ser mulher para lutar pela igualdade".
 Todas, todos nós queremos não dois associativismos paralelos, o masculino e o feminino, mas um só (ainda que para aí chegar possam ser necessários organizações somente femininas). A nossa meta é a mesma -  um mundo mais justo e mais igualitário, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente -  os estrangeiros, as mulheres, que sem direitos iguais, são como que estrangeiras na sua comunidade ou no seu próprio país! 
Só mais uma palavra, para referir uma outra singularidade, ainda que involuntária: a presença de Espinho nas origens da AMM e ao longo de uma vida já longa. Neste seu  25.º ano, são de Espinho as presidentes de todos os órgão sociais - Direção (Arcelina Santiago), Assembleia Geral (eu mesma) e Conselho Fiscal (Ester Sousa e Sá), mais a Secretária-geral (Graça Guedes). Num momento difícil foram as que disseram "sim" à segunda vida da AMM. Arcelina Santiago acaba de ser eleita para suceder a Rita Gomes, saudosa amiga, líder histórica da AMM, ao longo do último quarto de século..
 De Espinho, em conjunto com associados dos cinco continentes, procuraremos refletir e agir no campo das migrações. Na cidade o "Núcleo" cresce -  o mais recente dos inscritos é o Dr. Lúcio Alberto.
 Somos, assim, também, um exemplo de boas práticas, em matéria de descentralização de iniciativas, competências e poderes, à partida centrados na capital da República.  


 ASSOCIAÇÃO MULHER MIGRANTE – UM MODELO DE CIDADANIA

Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática Aposentada da Universidade do Porto
Secretária Geral da AECSMM


            É normal pensar que POLÍTICA significa governo dos homens, administração das coisas e direção dos Estados.
            Mas este conceito é muito mais lato e abrangente.
            Pode ser considerado Arte, Ciência, Ideologia, Filosofia, Ética, Metafísica, Teologia, com diferentes níveis, dimensões e aspetos, que se interligam ou dialeticamente se postulam. O problema reside em saber o que é que verdadeiramente se encontra unido.
            Porque POLÍTICA releva da intuição criadora, do juízo teórico-prático, da perceção das mediações necessárias entre quem governa e a comunidade que é governada, releva também dos diversos corpos que constituem o universo social e estatal que se relacionam com as aspirações que polarizam a vida dos Homens.
            E, assim sendo, POLÍTICA é um FAZER e, sobretudo, um AGIR.
          Esta perspetiva é aliás já muito antiga e inspirada em Aristóteles, que assim define Política: … uma espécie de savoir-faire, de que nem a sensibilidade nem a imaginação podem estar ausentes, embora a prioridade seja atribuída à racionalização tecnológica e à reflexão crítica.
            POLÍTICA será um ponto de focagem de um campo larguíssimo de relações entre governantes e governados; entre as Instituições e a vida real; entre as partes e o todo. E, todos nós, somos a parte deste todo!
            Embora lhe estejam normalmente associadas questões ideológicas e partidárias, teremos de pensar sobretudo em CIDADANIA, que deverá nortear os nossos comportamentos e os nossos relacionamentos, qualquer que seja a idade, o género, a etnia, a religião; qualquer que seja o contexto onde possamos estar inseridos.

            Comecei assim a minha comunicação no II Encontro de Mulheres em Movimento, que aconteceu em Espinho, na Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva, organizado pela Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante em Outubro de 2012 e intitulada Universidade, Política e Cidadania.
            Com base neste minha reflexão, julgo poder afirmar que a nossa Associação pode bem ser definida como um ato de CIDADANIA, expressa nas diversas singularidades que a caraterizam e que tão bem estão agora explicadas neste Jornal pela Drª. Manuela Aguiar, como também de todas quantas nela se têm envolvido.
            Não há estrangeiros numa sociedade que vive os direitos humanos é o seu lema, concretizado na multiplicidade de eventos (mundiais, internacionais e nacionais) realizados ao longo de 25 anos em Portugal, na Europa, na América do Norte e do Sul, em África e muitos dos quais estão relatados em publicações que editamos.
            A ideia colocada em 1985, no 1º Encontro de Mulheres Portuguesas no Associativismo e Jornalismo, realizado em Viana do Castelo e onde estive presente, transformou-se em sonho... , mas que logo se foi tornando realidade pela mão da então Secretária de Estado da Emigração, Drª. Manuela Aguiar com a realização de diversos eventos; após a sua saída do governo, com a fundação da Associação Mulher Migrante.
            Com sede em Lisboa e mais de uma centena de sócias e sócios em Portugal e no estrangeiro,   sempre demos preferência a Espinho para a realização de muitos dos nossos eventos, de entre os quais tenho orgulho em destacar os dois Encontros Mundiais: em 1995 e em 2013. O terceiro Encontro Mundial, em 2011, foi em Lisboa, no Palácio das Necessidades.
            Sendo agora espinhenses todas as presidentes dos órgãos sociais, bem como a secretária geral, tudo será mais fácil para utilizarmos Espinho como palco de muitas das nossas organizações.
            Haja apoio, porque a vontade permanece.



Mulher Migrante – Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade ( AMM)
   Como  foi integrar-me nesta Associação tão singular
                                                                                                          Arcelina Santiago
 Um dia,  penso que em janeiro de 2009 , a Dra Graça Guedes, então Presidente da Assembleia a Municipal de Espinho e também Secretária Geral  da AMM telefonou-me para me convidar a participar numa reunião de preparação do Encontro promovido pela AMM, com o patrocínio da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género que  iria ter lugar em Espinho nos dias 6 e 8 de Março. Na verdade,  apesar de estarmos separadas em termos de posicionamento político,  dado que eu era deputada municipal da oposição, reconheci, reconhecemos seguramente que havia mais pontos que nos uniam do que aqueles que nos separavam: a defesa dos direitos humanos, em particular o das mulheres, as questões da emigração, do associativismo e o movimento da diáspora. Aceitei o desafio. Fazer parte da organização deste encontro foi uma surpresa muito interessante. Tive o privilégio de conhecer melhor a Dra Graça Guedes e privar com outra mulher  fantástica, fundadora desta Associação e com uma visibilidade notável pela sua ação extraordinária a nível nacional e internacional principalmente pelo seu papel enquanto Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas que tanto orgulhava todos os portugueses, mas mais ainda os espinhenses que acompanhávamos, de perto, a sua intensa ação- a Dra  Manuel Aguiar! 
  Esse Encontro constituiu  o encerramento dos Encontros para a cidadania - Igualdade entre Homens e Mulheres nas comunidades Portuguesas realizados de 2005 a 2008 e simultaneamente iniciou a comemoração dos 15 anos de atividades da Associação Mulher Migrante. Foi assim o começo. Os anos seguintes, foram de muito trabalho e cumplicidade, sempre na defesa destas causas. Anos de aprendizagem e de vivências muito intensas.
 Destaco entre tantas iniciativas as que Espinho protagonizou, com destaco para  “ As Mulheres da República” organizado pela Dra Manuela, enquanto vereadora da Cultura da Câmara de Espinho, onde algumas mulheres ganharam protagonismo merecido, caso de Carolina Beatriz Ângelo, Adelaide Cabete ou ainda Ana de Castro Osório, figuras representadas por alunas  da fantástica Escola Domingos Capela.  Seguiram-se as homenagens a Maria Lamas, a Maria Archer. Para Maria Archer, criei um guião com base em diversas fontes sobre a jornalista e escritora, denunciadora das condições das mulheres e defensora dos seus direitos e, por isso, remetida ao exílio. Essa entrevista imaginária foi replicada muitas vezes em várias iniciativas da AMM, dramatizados pelas espinhenses Mariana Patela e Inês Pais.
Depois, acontece o Encontro Mundial em Lisboa e, mais tarde, os vários colóquios em Espinho e Gaia e, ultimamente, em Monção sobre “Expressões de cidadania no feminino” e ainda este ano, em abril  o “ Colóquio Portugal Brasil - a descoberta continua a partir de Monção”. Há, na verdade, uma estreita parceria com a  Câmara Municipal de Monção e as Escolas,  em particular a EPRAMI (Escola Profissional do Alto Minho Interior) nossos parceiros nesta caminhada de causas. Com as Escolas e  a Universidade Sénior há um trabalho de continuidade com a iniciativa da AMM – Os  Ateliês da Memória , na recuperação da  identidade da emigração, muito presente nesta região minhota, para ao Brasil e para França. Há desejos de organizar quanto antes o Museu Virtual da Emigração.  

Juntas,  organizamos também as revistas anuais da AMM e envolvemo-nos  em iniciativas nas quais me identifiquei não apenas pelas causas,  mas pelo estilo e metodologia de trabalho desta singular Associação em que cada um/uma  tinha  e tem  a sua voz presente e ativa.
 Foram tempos de intensa aprendizagem, especialmente ligada a estas duas mulheres tão inspiradoras – Manuela Aguiar e Graça Guedes. Já fiz parte da direção anterior e, em agosto fui escolhida para integrar uma nova lista da direção. Substituí a Dra Rita Gomes, a nossa saudosa Presidente que no ano de celebrarmos os 25 anos da AMM nos deixou para sempre. Seguir para a frente com o projeto, continuar a missão seguindo os  desígnios  da AMM será uma forma de a homenagear e dar continuidade aos  25 anos de trabalho desenvolvido - um diálogo contínuo entre o  estudo e o trabalho no terreno, junto das comunidades, um trabalho de cooperação e de solidariedade. E, neste ano de celebração, de homenagem e agradecimento de todas e todos os associados, é também tempo  de reflexão sobre um longo percurso,  de intenso  trabalho em defesa dos direitos humanos já a pensar no futuro. Seguir e honrar o lema desta Associação "Ninguém é estrangeiro numa sociedade que respeita os direitos humanos " continua a estar sempre presente a lembrar-nos que há muito caminho por fazer... 
 Estou certa de que dar continuidade ao trabalho, à missão desta Associação, será a melhor  homenagem que poderemos prestar  à Dra Rita Gomes. Como sua sucessora na Presidência da AMM, espero, com a ajuda de todas/os associadas/os, estar à altura de desempenhar esse papel e dar continuidade ao excelente trabalho que tem sido desenvolvido pela Associação. 
O nosso plano de atividades para 2019 está a ser preparado com muito cuidado, envolvendo muitos parceiros e espalhado por muitos locais: Monção, Espinho, Gaia, Porto, Lisboa, e ainda outros mais, tendo como objective mobilizar a sociedade em geral para as questões dos direitos humanos, com enfoque especial para as mulheres, da lusofonia e, em especial, da  emigração, Vamos neste ano, centrar a nossa ação nos jovens venezuelanos e na sua integração. Sabemos que em Gaia e Espinho há um número muito significativo a merecer especial atenção. 
Para mim é um orgulho e uma grande responsabilidade integrar esta missão que tem, em Espinho,  expressão máxima com a representação de  mulheres envolvidas  nestas causas e na  liderança da Associação.

MM Aguiar Dia da Comunidade Luso Brasileira Monção 2918

A comunidade luso-brasileira é uma realidade humana, histórica, sociológica, linguística, cultural, afetiva, em suma, uma história de famílias, e, com elas, de nações, (enquadradas num Estado, primeiro, seguidamente em dois), que antecede em séculos a sua consagração na esfera do Direito interno e internacional
É esta supra estrutura jurídica, assim como a formação da vontade política que lhe deu a sua arquitetura atual, num e noutro país, que vamos, de uma forma necessariamente sumária, trazer hoje a debate.  
A nível bilateral, as primeiras negociações tiveram lugar nas décadas 50 e 70 do século passado. A elas se seguiu, em 1988,   uma iniciativa unilateral brasileira, que, em sede constitucional levou a um extraordinário aprofundamento do estatuto de direitos políticos dos portugueses, plenamente equiparados a nacionais, sob condição de reciprocidade para os brasileiros. Não se tratou de consagrar a dupla cidadania, mas de lhes conceder todos os direitos da nacionalidade brasileira, na qualidade de imigrantes portugueses. Um inciso à medida das aspirações de uma grande comunidade, a nossa, que nunca se considerou estrangeira no "país irmão". O poderoso movimento associativo, que é seu porta-voz, e muitas personalidades influentes na sociedade e na vida política do país, uniram-se para lutar pelo objetivo de transpor o estatuto de igualdade à sua última fronteira. E lograram alcançar o que se afigurava pura utopia  e que passou a constituir uma absoluta singularidade em matéria de direito comparado. Esperava-se um procedimento convergente, fácil e consensual em Lisboa, no hemiciclo de São Bento. De facto, em  Brasília, no desenrolar do complexo processo de feitura da Constituição de 1988, o capítulo da nacionalidade, fora o mais controvertido, com uma única ressalva: os direitos atribuídos aos portugueses, que foram votados sem discussão e por unanimidade! Contra as expetativas, porém, a resposta dos deputados portugueses não foi nem rápida nem fácil, criado que foi um ambiente partidário de incompreensão e de desconfiança, de polémica e dissenso, que se arrastou por três processos revisionais, comprometendo gravemente o relacionamento entre os dois países.   
Começaremos por uma breve referência aos processos de negociação. a nível governamental, para abordar, depois, mais detalhadamente, a chamada "questão da reciprocidade", que se suscitou com a transposição do processo legislativo para o âmbito parlamentar,
I-1-O TRATADO DE AMIZADE E CONSULTA
A Comunidade luso-brasileira foi formalmente reconhecida pelo "Tratado de Amizade e Consulta",
O "estatuto de cidadania luso-brasileira" consagrado nesse Tratado abrangia o direito de livre circulação, de residência e de estabelecimento dos nacionais de um país no outro e a concessão dos direitos da nacionalidade, que não fossem incompatíveis com as respetivas Constituições. Aplicava-se, de igual modo, aos naturais do continente, das ilhas atlânticas e das colónias, ou regiões ultramarinas, e não exigia a prévia residência no território, pelo que tanto podia ser invocado durante uma estadia transitória (art. 4), como para o livre estabelecimento de domicílio no país (art. 5).  
Um acordo bilateral absolutamente pioneiro, em termos de Direito comparado, fundamentado na realidade de uma comunidade preexistente, que as leis  de um e outro dos Estados Lusófonos se limitavam a subsumir e reconhecer na sua letra. Comunidade alicerçada na língua e nas afinidades culturais, nascidas do incessante movimento migratório, de que se fez a história comum, antes e depois da independência do Reino Unido, até meados de novecentos. Ao longo dos séculos, e, sobretudo, a partir do século XVIII, emigrar era, praticamente, emigrar para a imensa colónia sul- americana. Em vão, o poder régio, desde as Ordenações Filipinas até à legislação limitativa ou proibitiva de oitocentos, (que a República, e a Ditadura continuaram...), tentou travar o êxodo considerado excessivo. Desse "excesso" se fez  percurso e convívio de gente comum, mais igualitário e fraterno do que o que é regra estabelecer entre colonizador e colonizado, entre a Administração e o povo. "Excesso" avaliado no imediato, que, a longo prazo compensou todo o mundo futuro da lusofonia, fazendo a singularidade do Brasil, composto de uma multiplicidade heranças culturais num todo marcadamente luso-brasileiro na língua, na miscigenação e nos afetos. 
Assim o diz, por outras palavras, o Tratado, falando de "afinidades espirituais, morais, éticas e linguísticas", de que resulta "uma situação especialíssima para os interesses recíprocos dos dois povos".
Este notável documento foi assinado no Rio de Janeiro, a 16 de novembro de 1953, pelo Embaixador António de Faria, por Portugal e pelo Ministro das Relações Exteriores Vicente Reo, pelo Brasil.  

I - 2 - CONVENÇÃO DE IGUALDADE DE DIREITOS E DEVERES ENTRE PORTUGUESES E BRASILEIROS (1971)

Em 1969, uma emenda à Constituição brasileira veio reconhecer explicitamente aos portugueses direitos civis e políticos a nível local, estadual e federal, incluindo o sufrágio nas eleições legislativas. Portugal deu a reciprocidade de tratamento aos brasileiros com a celebração da "Convenção de Igualdade de Direitos e Deveres entre   Portugueses e Brasileiros" em 1971
O seu art. 1º estipula que : "Os Portugueses no Brasil e os Brasileiros em Portugal gozarão de igualdade de direitos e deveres com os respetivos nacionais".
Cada cidadão passa a gozar do "Estatuto geral de igualdade",  que tem de ser requerido à entidade competente, pressupondo somente a capacidade civil e a "residência permanente no território, e o "Estatuto especial de igualdade de direitos políticos", que exige a residência principal e permanente há mais de cinco anos e a prova de que não se encontra privado de direitos políticos no país de origem.
Em relação ao Tratado de 1953, constatamos que se avançou no campo da intervenção política, designadamente, com a expressa concessão do direito de voto no que respeita a um órgão de soberania, assim como do acesso à magistratura judicial. Todavia, a Convenção como instrumento de consagração de direitos de imigrantes, de residentes no país, deixa de se aplicar à generalidade dos naturais dos dois países e não prevê a liberdade de circulação e de imigração.
Neste período, note-se, cessara já a emigração em massa de portugueses para o Brasil, e era praticamente inexistente a de brasileiros para Portugal, que se iniciaria somente duas décadas mais tarde. Era, assim, especialmente, às nossas comunidades radicadas em todo o Brasil, que se dirigia a Convenção. Haviam sido elas a reivindicar o estatuto de igualdade, de que se sentiam merecedores, junto das mais altas instâncias do país. Esta realidade explica que tenha sido sempre o Brasil a desencadear os processos negociais, a que Portugal não pode deixar de corresponder - como fez, paradoxalmente, melhor, então, durante a Ditadura do que, depois, em Democracia.
Numa primeira comparação entre o conteúdo do estatuto de cidadania luso brasileira, resultante da Convenção de 71, e o da "cidadania europeia": constatamos que, embora não inclua o direito de livre circulação (aliás,  concedido com fortes limitações dentro da EU…), é equivalente no que concerne aos direitos civis dos imigrantes e vai muito mais longe no campo dos direitos políticos!
A UE ainda não resolveu, e não se vê como e quando venha a ultrapassar o tabú em que está convertida a ideia da partilha de soberania com a abertura à participação dos estrangeiros, cidadãos europeus, na escolha democrática dos seus órgãos de soberania, Parlamento e Presidência da República. Coisa encarada como natural entre Brasil e Portugal, já em meados do século XX (é de salientar que, antes da independência das colónias, a Convenção de 71, tal como o Tratado de 53, englobavam, efetivamente, todo o universo da lusofonia, só depois se limitando ao espaço luso-brasileiro).
 ...
  II -A QUESTÃO DA RECIPROCIDADE
 II -1  A Iniciativa dos Constituintes Brasileiros
 Em 1988, como dissemos, a Assembleia Constituinte da República Federal do Brasil, tendo com Relator o Constituinte Bernardo Cabral, tomou a iniciativa de ampliar o estatuto de direitos políticos dos portugueses, equiparando-o ao dos brasileiros por naturalização
Nos termos do parágrafo 1º, do art. 12º:
“Aos Portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor dos Brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros natos, salvo os casos previstos nesta Constituição”
O parágrafo 3º enumera os cargos políticos exclusivos dos brasileiros natos, como são o de Presidente da República e os que estão na sua linha de sucessão, a carreira diplomática, o posto de oficial das Forças Armadas.
Aos portugueses são reconhecidos o direito de voto em todas as eleições, a possibilidade de serem deputados, membros do governo, ou juízes dos tribunais superiores.
No Brasil de então eram já muito significativos os exemplos de vivência concreta do estatuto de igualdade, caso de Ruth Escobar, hoje aqui homenageada, que, tendo sempre exclusivamente a nacionalidade de origem foi a primeira mulher eleita deputada à Assembleia do Estado de São Paulo e a primeira representante do Brasil nas Nações Unidas, para o acompanhamento da Convenção contra todas as formas de discriminação feminina.
Entre nós, tantos anos após a entrada em vigor do mesmo Estatuto, ainda não conhecemos Brasileiros em cargos políticos de idêntico relevo, numa comunidade que cresce desde a década de 90…
II – 2 A Dação de Reciprocidade por Portugal
Ao tempo em que foi conhecido o texto da Constituição brasileira, preparava-se em Lisboa a segunda revisão da Constituição de 1976. Todavia, nenhum dos projetos subscritos pelos partidos cuidava de introduzir no art.15 as alterações exigidas no Brasil para a entrada em vigor do novo Estatuto de Igualdade de Direitos políticos.
Era o primeiro indício da insensibilidade dos partidos face ao alargamento dos contornos da cidadania luso-brasileira. Dos partidos, não dos deputados…. Como antiga Secretária de Estado e Deputada eleita pela emigração fora da Europa (ao tempo eleita pelo Porto, cidade que guarda o coração de Dom Pedro I do Brasil e IV de Portugal), levei o caso à Comissão de Negócios Estrangeiros, onde, de imediato, foi obtida votação unânime para uma recomendação de alteração do nº 3 do art.15, dirigida à Comissão Eventual para a Revisão Constitucional (CERC)
“Aos cidadãos dos países de língua portuguesa podem ser atribuídos, mediante convenção internacional e sob condição de reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros, salvo o acesso à presidência de órgãos de soberania, e das Regiões Autónomas, as funções de Ministro de  Estado, o serviço das Forças Armadas e a carreira diplomática”.
Enquanto na Comissão de Negócios Estrangeiros se verificara a espontânea reação de cada um dos deputados, na CERC eram as posições de cada um dos partidos que prevaleciam. Aquela recomendação foi ignorada. Quando os projetos dos partidos subiram a plenário, foi pela mão de 57 deputados de todos os partidos, a título individual, que a emenda ao art.15 foi apresentada. Entre eles estavam os nomes de Adriano Moreira, Pedro Roseta, Natália Correia, Manuel Alegre, Jaime Gama, Luísa Amorim e até do líder parlamentar do PS (António Guterres) e do Vice.presidente da bancada do PS Pacheco Pereira. A proposta não obteve a necessária maioria de 2/3, devido à abstenção ou ao voto contra de PSD, PS e PCP. A favor só CDS, PRD, independentes, como Corregedor da Fonseca e Helena Roseta, os deputados subscritores e outros, que tiveram a coragem de divergir dos seus partidos.
O eco mediático desta falta de reciprocidade portuguesa teve naturalmente grande impacto do outro lado do Atlântico.
Na revisão Constitucional de 1996/97 a modificação do art.15 não constava do acordo extra parlamentar dos dois maiores partidos, mas, então, já por oposição do PS, completamente isolado na sua recusa de reciprocidade. Mais exatamente, por oposição inultrapassável do Presidente da Assembleia e Presidente do PS, Almeida Santos. Homem que fizera vida e carreira em Moçambique, recusava o reconhecimento de um tal estatuto não só ao Brasil, como, sobretudo, a todos os PALOPS, rejeitando, aliás, mais fortemente o acesso à magistratura judicial do que à participação política
Por isso, de novo, me vi na contingência de apresentar uma proposta, que foi assinada por colegas de todas as bancadas, incluindo alguns notáveis socialistas. Proposta que já só o PS inviabilizou, criando um clima de grande tensão no relacionamento luso-brasileiro, que foi visível na visita de estado do presidente Sampaio ao Brasil – não obstante ele se manifestar um apoiante da reciprocidade, como os seus antecessores Ramalho Eanes e Mário Soare
Foi um risco a correr obrigatóriamente, não um dilema, pois a ignorância desta magna questão constitucional poria da mesma forma em causa o estatuto da igualdade. 

AMMO

Associação Mulher Migrante Ontario (AMMO)
Toronto, Ontario


                                                                                                               Toronto 13 de Dezembro, 2018
Cara Arcelina Santiago
Presidente AMM,
Na sequência do nosso encontro em Toronto no dia 31 de outubro de 2018, reunimos no passado dia  11 de Dezembro, na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, para estudarmos os estatutos da AMM, e iniciarmos  os trabalhos da organização na província do Ontário.
Nesta reunião estiveram presentes eu própria,  Manuela Marujo, Idalina da Silva, Felicidade Rodrigues, Luciana Graça e Ilda Januário. Neste encontro e após análise dos estatutos nacionais, foi decidido formarmos um Conselho de Representantes da Associação, tal como se prevê nos Estatutos da Associação Mulher Migrante, e por sugestão da presidente Arcelina Santiago.
Achamos ser esta a via mais apropriada para o organismo em Toronto, uma vez que temos dentro da comunidade luso canadiana no Ontário especificidades próprias, que cabem bem dentro de um Conselho de Representantes, que chamamos, muito a propósito a AMMO, a Associação Mulher Migrante – Ontário.
A posição de Secretária Geral do Conselho foi posta à consideração das presentes. Eu ofereci-me para desempenhar o cargo durante um ano, decisão que foi aceite. Esta nomeação será revista anualment, e a voluntária a desempenhar as funções, pode ou não continuar no cargo. Ficou igualmente decidido que a direção do Conselho será composta  até 10 associadas, que serão na sua totalidade do sexo feminino. Todavia, a organização está aberta a associados de ambos os sexos, que terão liberdade de propor e participar ativamente nas nossas atividades.
Nesta fase de arranque, a AMMO reunirá uma vez por mês, na Galeria dos Pioneiros Portugueses. As quotas ficaram fixadas em $25 dólares, montante a ser revisto anualmente.  Em termos de programação de ações da AMMO, cada membro do conselho, só ou em colaboração com outras associadas, apresentará um programa a desenvolver no âmbito dos princípios da AMM, que tenha em conta áreas de interesse e ‘expertise’ de cada membro. Dentro desta ótica, e tendo em conta as associadas presentes, arrancarão em 2019 as seguintes atividades.
Idalina Silva: Levantamento para base de dados no âmbito das artes visuais, que comporta artistas luso canadianas, que dentro das várias disciplinas visuais, têm marcado o ambiente artístico no Canadá;
Ilda Januário: Revisão e publicação de um manuscrito de uma mulher, vítima de violência doméstica, e cliente de uma associação de apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, “ABRIGO”.
Manuela Marujo e Luciana Graça: Levantamento para base de dados de publicações de obras literárias de mulheres luso canadianas, assim como teses e trabalhos científicos.
Felicidade Rodrigues: Mulheres e as Questões da Cidadania – sensibilização junto de organizações e escolas, (neste último caso com apoio da Luciana) para as questões da cidadania, participação cívica, direitos e deveres.
Humberta Araújo, coordenação de diversas atividades, apoio às colegas nas suas atividades sempre que necessário, blog, redes sociais, RP. A questão da criação de um blog e a sua manutenção, vai igualmente depender de alguma associada com conhecimento técnico no setor e apoio de todas as nossas associadas, com envio de informações sobre o andamento das suas atividades, fotos e outros, que façam deste espaço um espaço dinâmico e atualizado para ser partilhados pela AMM em qualquer parte do mundo. A periodicidade destas atualizações será decidida atempadamente.
Por questões práticas deve ser criado um email próprio, onde toda a informação relacionada com a AMMO e dirigida à secretaria geral, deverá fluir.  Proponho (a ser sancionada pela Google: ammo@gmail.com). A criação de um logo para a AMMO poderá ser feita através de um concurso que possa abranger as artistas lusocanadianas, algo a pensar e a organizar, (caso esteja interessada) pela Idalina Silva.
Aguardamos agora, a composição completa do nosso Conselho de Representantes, uma vez que nem todas as interessadas puderam estar presentes nesta primeira reunião, para um programa mais completo de atividades.
A AMMO, após ratificada pela presidente Arcelina Santiago, será apresentada ao Consulado em Toronto e oficializada pelo mesmo para ser enviado à Secretaria de Estado das Comunidades.
Em colaboração com as associadas Joaquina Pires (Montreal) e Manuela Marujo (Toronto), a AMMO em parceria com a Peach Gallery, organiza a exposição “Fios de Ternura”, que decorrerá dentro das atividades do Dia de Portugal, em junho de 2019 em Toronto.
No que diz respeito a Montreal, foi levantada a hipótese de ser igualmente criado para o Quebeque, um Conselho de Representantes, como decorre  no Ontário, caso haja interesse no mesmo por parte das associadas e simpatizantes naquela província.
Achamos igualmente importante realçar na documentação a entregar no Consulado algumas atividades que em 2018 foram organizadas em parceria com a AMM, entre elas:
Criação das Academias Seniores de Artes e Saberes (ASAS Toronto, 2008), na presença da Dra Manuela Aguiar durante um Congresso na Universidade de Toronto; Colóquio Vivências da Democracia na Diáspora 1974-2014, na Universidade de Toronto, com as presenças da Dra Rita Gomes e Manuela Aguiar; Simpósio intitulado “Mulheres da Diáspora Portuguesa em Movimento”( 2016), na Universidade de Toronto, com a presença da Dra Manuela Aguiar.

Humberta Araújo

Secretaria Geral, AMMO

MARIA ARCHER E MARIA LAMAS - Salvato Trigo

MARIA LAMAS E MARIA ARCHER: SÍNTESE DE DISCURSOS DIVERSOS NA UNIDADE DA AÇÃO

1. Nascidas no final do século XIX com um intervalo etário de seis anos (Maria Lamas, Torres Novas, 1893; Maria Archer, Lisboa, 1899), estas são certamente duas das mais lídimas e empenhadas representantes, entre nós, do movimento pela dignidade pessoal e pela afirmação social e cidadã da mulher.

2. Não são poucas as similitudes biobibliográficas entre Maria Lamas e Maria Archer: ambas encontraram na literatura e no jornalismo o arrimo mais eficaz, para combaterem por uma causa que só a distorção do patriarcalismo, confundindo a alegoria bíblica com determinações divinas ou naturais, a acomodação na incultura e o marialvismo podem justificar a sua tão tardia consecução histórica.


3. Conhecessem eles Aristófanes (450-386 a.C), o grande dramaturgo da Antiguidade, e tivessem lido, mesmo que apenas extractos, de A Assembleia das mulheres e de Lysastrata, peças em que o autor, preocupado com a reforma de Atenas em crise, evoca a possibilidade de delegar o poder nas mulheres atenienses, “cheias de carácter, de graça, de audácia, de sageza, em que o patriotismo se une à prudência”, tivessem lido tais textos e perceberiam quão fúteis e trágicas têm sido no decurso da história da humanidade as exibições masculinas da razão da força em detrimento do culto feminino da força da razão.

4. Quando a personagem do magistrado pergunta a Lysastrata “Como podereis vós, mulheres, acabar com tanta desordem no nosso país?”, esta responde-lhe sabiamente que usariam para o fazer a experiência que tinham de tecelãs: as desordens e as guerras desembaraçam-se com palavras tal como nós desembaraçamos um novelo de lã, pegando na ponta certa do fio e usando correctamente o fuso. O magistrado, não alcançando a alegoria, impetrou Lysastrata, refutando que as mulheres pudessem ser capazes de combater as desordens, quando não têm qualquer participação na guerra. Lysastra responde-lhe bruscamente: “Eh! miserável, acaso não sofremos nós mais do dobro com esse fardo, nós que, antes, criamos os filhos para vê-los partir para o exército?”


5. O desrespeito da mulher como fonte de vida, que afirma pelo seu direito à maternidade, incultamente transformado pelo homem num dever de procriação, tem, desde Aristófanes, pelo menos, marcado a educação ou, melhor , a pedagogia, no rigor etimológico dessa palavra que, originalmente, como se sabe, significava tomar conta de crianças e orientá-las para a vida futura no respeito pelos valores do passado. Exigir da mulher que ponha no mundo filhos, para satisfazer o instinto predador dos que fazem as guerras só para exibir o poder, é arrogar-se marialvamente como proprietário da existência alheia, vendo-a como materialidade transacionável e não, como a confirmação de que o ideal das criaturas humanas, expulsas do mítico paraíso, é serem companheiras e não, súbditas.

6. Companheiras, na acepção etimológica e na compreensão semântica daí derivada, isto é, companheiro/a é aquele/a com quem partilhamos o pão (cum+ pane-), assim cumprindo o desígnio dos humanos de, biblicamente, ganhar o pão com o suor do rosto.


7. Foi certamente por não terem encontrado nos homens de quem se divorciaram essa compreensão e dimensão de companhia que Maria Lamas e Maria Archer mais terão desenvolvido a sua responsabilidade social de lutar pela dignidade da mulher e pelo seu direito à igualdade cidadã com o homem.

8. O casamento, aos 17 anos, coincidentes com a proclamação da República, com o tenente de cavalaria, Ribeiro da Fonseca, foi para Maria Lamas a porta da entrada na diáspora, acompanhando o marido na comissão militar para a Huíla (Angola), antes de experimentar a amargura do exílio. Os três anos de vivências de África, donde regressou em 1913, inspiraram-lhe a novela Confissões de Sílvia, com que iniciaria a sua vida literária, sendo também motivação para a escrita do romance Diferenças de Raça, publicado em 1924.


9. A implantação da República terá sido para Maria Lamas um dos acontecimentos mais impressivos da sua vida, plantando-lhe no fulgor da juventude as sementes éticas com que conduziria a longa carreira de jornalista que iniciou, pela mão do escritor Ferreira de Castro, em O Século, de Lisboa, onde entrou, no regresso de Angola, para dirigir por vinte anos a revista do lar Modas & Bordados, onde assinou a coluna “O correio da Tia Filomena”, espaço pseudónimo para falar da condição feminina em Portugal.

10. Tia Filomena foi um dos pseudónimos com que começou a sua militância na causa da dignificação feminina, tendo usado também o pseudónimo Rosa Silvestre, para assinar dois livros para a infância, Caminho Luminoso e Para Além do Amor, o pseudónimo Maria Fonseca e o pseudónimo Serrana d’Ayre, para publicar poesia.


11. Essa militância levava-a a conjugar a sua actividade de jornalista com a de dinamizadora cultural, ora organizando exposições dos teares do Minho ora de tapetes de Arraiolos fabricados pelas reclusas da cadeia das Mónicas que, assim, aliviavam as suas condições de detenção.

12. Envolvida ao mesmo tempo nos movimentos associativos femininos, Maria Lamas será eleita, em 1945, presidente do Conselho Nacional das Mulheres, associação fundada na I República que o Estado Novo perseguia sem descanso. Esta função obrigou-a a viajar por todo o país, o que lhe permitiu reunir informações e experiências para a escrita do livro As Mulheres do meu País, publicado em 1948, ano anterior ao da sua participação activa na campanha à presidência da República do general Norton de Matos, sofrendo, por isso, a primeira das várias detenções que o regime de Salazar lhe impôs.


13. A este título seguir-se-ia, quatro anos depois, As Mulheres no Mundo, o que a tornou membro do Conselho Mundial da Paz, a partir de 1961, ano em que partirá para oito anos de exílio em Paris, onde conhece Marguerite Yourcenar, de quem traduziria As Memórias de Adriano, e onde, da janela de seu quarto no Hotel de Saint-Michel, apoiará os jovens do Maio de 68, passando-lhes baldes de água, para eles mitigarem os efeitos dos gases lacrimogéneos.

14. Ainda em Paris, adoptará novo pseudónimo, Helena Torres, sob o qual transmitirá pela Rádio Moscovo mensagens do Conselho Mundial da Paz aos portugueses, antes de regressar a Portugal na “primavera marcelista”, e, sempre solidária, se disponibilizar para testemunha de defesa da romancista Maria Isabel Barreno, no processo das “Três Marias”, quando já começavam a soprar tenuemente os ventos de Abril.


15. Octogenária, mas com o vigor da causa da liberdade por que longamente se bateu, apoia o 25 de Abril e é com justiça agraciada com a Ordem da Liberdade que junta à de Santiago da Espada que, em seu tempo, Óscar Carmona lhe tinha entregado. A dez anos do fim da sua caminhada, Maria Lamas via recompensada a sua militância pela igualdade dos direitos cívicos que defendeu com afinco na sua escrita literária e jornalística.

16. Só na pseudonímia Maria Archer não acompanhou Maria Lamas; na militância pelos direitos cívicos das mulheres, sim. Na pseudonímia, encontraríamos uma companheira para Maria Lamas em Irene Lisboa que, nascida um ano antes, publicaria bem mais tarde, em 1936, o seu primeiro livro, Um dia e outro dia…Diário de uma Mulher, com o pseudónimo João Falco com o qual também escreveu na revista Presença, depois de aí se estrear, quando ainda vivia na Suiça, com o pseudónimo Mara. Irene Lisboa usará ainda os pseudónimos Maria Moina e Manuel Soares, este sobretudo em ensaios de pedagogia, área em que também se destacou.


17. Foi nas páginas da Presença que José Régio, depois de chamar a atenção para a escrita de Maria Archer e de Fernanda de Castro, outra das escritoras da causa feminina tocadas pela diáspora e pelo sortilégio da África, se referiu àquele primeiro livro de Irene Lisboa e a um segundo com o título Outono havias de vir nos seguintes termos: “ Lê-os a gente e pensa: Mas porque é que todas as mulheres não têm escrito assim? Não escrevem assim?”

18. Não se estranhe, por isso, que Adolfo Casais Monteiro, em 1956, tenha escrito de forma tão encomiástica sobre Irene Lisboa: “É contudo o nome de um grande escritor – o da maior escritora portuguesa de hoje, sem discussão possível.” Mas estranhe-se que Casais Monteiro tenha passado ao lado da obra vasta e notável de Maria Archer, até porque coincidiu com ela no tempo e nos motivos do exílio brasileiro, que a escritora iniciaria em 1955.


19. Maria Archer, como deixei dito, tal como Maria Lamas, viverá, na companhia dos pais, na adolescência, três anos na Ilha de Moçambique (1910-1913) e, na juventude, dois anos na Guiné, em Bolama e em Bissau(1916-1918). A Moçambique, voltará já casada, entre 1921 e 1926, ano em que acompanhará o marido para Faro, donde partirão para viver em Vila Real de Trás-os-Montes até 1931. Terminados os dez anos de casamento, Maria Archer regressa a Lisboa, para junto dos pais, mas estes viviam, então, em Angola, para onde a jovem divorciada seguirá, juntando-se-lhes, em 1932.

20. Em Luanda, viverá Maria Archer por quatro anos, tendo-se estreado aí literariamente, em 1935, escrevendo um livro de novelas e de contos, Três Mulheres, em parceria com Pinto Quartim Graça. Nesse ano, terminará também a sua vivência africana e já em Lisboa escreverá o romance África Selvagem(1935) com que se estreou na literatura colonial portuguesa e que lhe mereceu de vários críticos elogios como: “excepcional revelação literária”; obra suficiente “para impor Maria Archer como escritora, para consagrar os seus dotes de narradora perfeita”; “maravilhoso repositório do folclore negro”.


21. A esse romance de estreia seguir-se-ão Sertanejos(1936), Angola Film(1937), Viagem à Roda de África(1938), Colónias Piscatórias em Angola(1938), Caleidoscópio Africano(1938) e Roteiro do Mundo Português(1940). Tal como Maria Lamas, Maria Archer escreveu também para crianças, tendo ganhado o prémio Maria Amália Vaz de Carvalho, em 1938, com o livro Viagem à Roda de África. Escreveria ainda para o público mais pequeno dois ensaios, para que aprendessem a história de Portugal de forma lúdica. A África voltará, mais tarde, à ficção de Maria Archer que, entretanto, escreve o romance Aristocratas (1945), cujas história e personagens têm muito de autobiográfico, o que levou seus pais a romperem com ela, por se sentirem pejorativamente retratados.

22. Este romance vinha afinal confirmar a forma audaciosa como Maria Archer militava a favor da causa da dignificação da mulher portuguesa, o que levou João Gaspar Simões a comentar: “Não conheço mesmo outra escritora portuguesa que à audácia dos temas e das ideias alie uma expressão tão enérgica e pessoal. O seu estilo respira força e solidez.”
23. Aliás, é a própria autora, já depois de ter experimentado a perseguição à sua escrita e aos seus livros, dois dos quais chegaram mesmo a ser apreendidos – Ida e Volta duma Caixa de Cigarros e Casa sem Pão – que, em 1952, dirá da sua obra até então produzida: “A minha obra literária tem sido norteada pelo princípio vital de rebater o conceito arcaico da inferioridade mental da mulher”.

24. A rebeldia do comportamento político e da escrita com que a manifestava, exibida no empenhamento com que acompanhou, em Lisboa, o julgamento do capitão Henrique Galvão, seu amigo e como ela africanista e opositor do regime, empurrou-a naturalmente para o exílio no Brasil, onde chegou em Julho de 1955. É a própria Maria Archer que, em entrevista ao Diário de Notícias, do Rio de Janeiro, em Janeiro de 1956, conta os motivos por que saiu de Portugal: “ Vim para o Brasil, tendo chegado no dia 15 de Julho de 1955, porque já não podia viver em Portugal. A ação da censura asfixiou-me e tirou-me os meios de vida. Apreenderam-me dois livros publicados, assaltaram-me com policiais a casa e levaram-me um original que ainda estava escrevendo, violência inédita em países de civilização europeia.”


25. Chegada ao Brasil, como tantos outros exilados portugueses, entre os quais Casais Monteiro, Carlos Maria Araújo, Sidónio Muralha, Jorge de Sena, Castro Soromenho, Mário Henrique Leiria, iniciou, por assim dizer, a sua fase de jornalista, colaborando no célebre jornal O Estado de São Paulo. A actividade jornalística não a impediu de continuar a sua obra literária e ensaística. E assim é que, em 1959, publicará Os Últimos Dias do Fascismo Português, livro que lhe foi inspirado pelo julgamento já mencionado de Henrique Galvão. Seguem-se Terras onde se fala Português , África sem Luz (1962) e Brasil, Fronteira da África (1963).

26. Respigando e aumentando algumas das passagens do Roteiro do mundo português, que escreveu em 1940, como alusão à exposição colonial do mundo português desse ano, Maria Archer escreverá Herança Lusíada, livro valorizado pelo prefácio de Gilberto Freyre, no qual destaca o “talento literário”, a “qualidade da observação”, o “poder de análise”, o “gosto pelo estudo do que do ponto de vista europeu é exótico, pitoresco ou bizarro.” Com este livro encerrou-se praticamente a obra literária de Maria Archer, que o 25 de Abril de 1974 não trouxe a Portugal. Para aqui voltou apenas em 1979, doente, para vir morrer, praticamente na miséria, num lar em Marvila, em 1982.


27. Quem conheça a vasta obra de Maria Archer acompanha convictamente o comentário resumptivo que dela foi feito: óptima romancista e um valor inigualável na literatura feminina do século XX.

28. Os sinos que por ela dobraram, em 1982, e por Maria Lamas, no ano seguinte, tinham o mesmo som daquele “augusto bronze” garrettiano, que nos tange na memória a odisseia da nossa diáspora da qual estas duas mulheres, agentes activas do resgate português da cidadania feminina, foram símbolos maiores.


29. No caso de Maria Archer, não lhe reconheceu a pátria, como deveria ter reconhecido, o seu bom combate pela liberdade e pela igualdade da mulher, porque a pátria, tantas vezes, faz que nos sintamos, como escreveu Irene Lisboa, em O Pouco e o Muito: “Cada um de nós é um ilhéu – ilhotas flutuantes em mares profundos e longuíssimos de solidão. De abandono.”

30. Esse abandono, a que Maria Archer foi votada nos últimos anos de vida, denunciou-o o poeta moçambicano Sebastião Alba no poema “À morte de Maria Archer”:

“Esta melancolia andou desocupada

Que há sempre um guizo mudo
O do cordeiro que seus pastos nos evocam

Direi da minha vida
Não é plena mas contém-me
E ao devaneio em que lhe sou infiel
Já sem nenhum recato

Da sua
Que uma escápula no asilo
Lhe suspendeu pela gola a sombra.”

31. Façamos, então, a síntese dos discursos diversos de Maria Lamas e de Maria Archer, que se cruzaram em espaços e tempos, que reclamavam unidade de acção na busca da igualdade social e da cidadania plena da mulher enquanto mátria, donde a pátria deriva e se alimenta dos filhos que a tornaram, que a tornam ditosa, como cantou o nosso poeta maior!

32. Libertemos, pois, a mater dolorosa e tornemo-la mater gloriosa, para que a vida não seja punição, não seja dominada pela violência, pela dor, antes, fruição de companhia e partilha do pão. Se não, a diáspora não terá valido a pena!


Porto e Forum da Maia, 24 de Novembro de 2011.

Salvato Trigo

Maria Manuela AGUIAR DIAS MOREIRA


 Nasci  em 1942, na casa da avó materna - uma das chamadas "casas de brasileiros" -  no centro de Gondomar, muito perto do Porto. Aí vivi os anos felizes da infância, num ambiente em que a cultura brasileira estava realmente presente, e mais nas narrativas, nos afetos, na música, na gastronomia do que propriamente na traça do edifício, ao gosto dos anos 20 do século XX.  

Depois de dois anos na escola pública, sete no Colégio do Sardão, e dois no Liceu Rainha Santa Isabel do Porto, completei o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Era boa aluna, estudava por gosto, terminei o Liceu com 18 valores, em 1960, e Direito com 17, em 1965. Como bolseira da Fundação Gulbenkian, obtive, em 1970, o Diplôme Supérieur d' Études et de Recherche en Droit, na Faculdade de Direito e Ciências Económicas do Instituto Católico de Paris. O que o Maestro António Vitorino diz de Viena, posso eu dizer dessa terra onde vivi dois anos intensos: "A França não é o meu país, mas Paris é a minha cidade"

Fui assistente do Centro de Estudos do Ministério das Corporações e Segurança Social (1967/74), da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Lisboa(1972/73) e da Faculdade de Direito de Coimbra, onde tomei posse no dia 24 de abril de 1974. Em 1976, deixei a Faculdade para ser assessora do Provedor de Justiça, serviço que acabava de abrir as portas. Mais tarde, no início da década de 90, fui docente convidada na Universidade Aberta, (mestrado de Relações Interculturais).

 Apreciei, muito especialmente, o contacto com os jovens nessas três universidades e recordo sempre com nostalgia o ambiente humano vivido no Centro de Estudos, sob a direção do Doutor António da Silva Leal, e na Provedoria de Justiça, no tempo do Provedor Dr. José Magalhães Godinho.

 1992,  fui eleita em sucessivas legislaturas como representante de Portugal na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e da Assembleia da União da Europa Ocidental (AUEO), Chefiei a Delegação portuguesa nessas organizações, a partir de 2002 . No plano nacional como internacional, a minha prioridade de ação foi invariavelmente a luta 

Na política a nível local, fui deputada na Assembleia Municipal do Porto, nos anos noventa, e vereadora da Câmara de Espinho (2005/2011).

Das condecorações e distinções ligadas ao trabalho na emigração, refiro algumas, como a Grã- Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique, atribuída pelo Presidente Jorge Sampaio, em 1998, a Grã Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul e a da Ordem do Rio Branco (Brasil), o Título de "Cidadão do Rio de Janeiro", em 1990, a Medalha de Mérito Cívico da Câmara de Gaia (classe ouro), em 2014. E embora não esqueça, pelo significado que têm para mim, outras condecorações, e muitos títulos de sócia honorária de associações portuguesas, não poderei nomeá-las, como gostaria.





 1.   ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MEU MODO DE VER E DE TRABALHAR PARA OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS.
Sou  uma das fundadoras da Associação.
Acredito na força dos movimentos associativos, na sua influência para a mudança do estado de coisas imperfeito e injusto, que herdámos do passado. No início de 90, envolvi-me no trabalho de promover a criação de organizações para a igualdade em diversos domínios, sem esquecer o das migrações, tradicionalmente tão marginalizado  - até nas reivindicações das feministas, desde o século XIX. A AMM é contemporânea da "Associação das Mulheres Parlamentares", da "Associação Ana de Castro Osório" ou do Forum Internacional das Migrações, entre outras de que fui fundadora. Em comum tinham o facto de se situarem numa perspetiva supra-partidária. Não fiquei à frente de nenhuma, porque na altura viajava constantemente, para reuniões no Conselho da Europa e nas nossas comunidades do estrangeiro, mas colaborei ativamante, desde a primeira hora, sobretudo, com a AMM. No seu arranque, a Associação contou com o entusiasmo e a eficácia da empresária luso-brasileira Fernanda Ramos, e de Rita Gomes, que acabava de se aposentar. Seria a única capaz de fazer um caminho ascensional, ao longo destes últimos 25 anos  - prova real de que é fácil ter uma ideia e lançar um projeto, o difícil é continuá-lo!
Neste caso, tratava-se, mais precisamente, de relançar ou retomar um projeto, pensado e proposto durante o histórico 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo de 1985: o da união das mulheres portuguesas no mundo. Intenção esplêndida e pioneira, que não puderam, então, concretizar, mas inspirou a criação da "Mulher Migrante Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade", em 1993. De facto, no ato da sua constituição vemos os nomes de muitas das participantes do pioneiro Encontro Mundial. A nova ONG, (ao contrário do modelo delineado em 1985 e adotado no associativismo feminino da Diáspora), é aberta aos dois sexos, a todos os que se preocupam com as particularidades de género nas migrações e com quaisquer formas de discriminação e xenofobia. Esta absoluta singularidade, converte-la-ia, numa fase inicial, em parceira importante da Comissão da Igualdade, (que tinha um historial de insuficiente atenção às mulheres expatriadas), e, depois, também da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, a partir de 2005, data em que passou a desenvolver, sistematicamente, políticas de emigração com a componente de género. Pude intervir em todos os colóquios e congressos organizados no pais e no estrangeiro, nomeadamente nos "Encontros para a Cidadania" (2205-2009), presididos pela Dr-ª Maria Barroso, e coordenei, juntamente, com outras colegas, várias das nossas publicações. Neste momento, estou empenhada em colaborar com a presidente Arcelina Santiago e com as/os demais colegas na execução do ambicioso programa para o ano de 2019.
É bom pertencer a uma coletividade, onde independentemente da nossa posição nos órgãos sociais, temos o mesmo direito de iniciativa, temos voz, somos ouvidas/os. Em suma, somos iguais, numa ONG que se bate pela igualdade! 


2. Os meus planos de ação no domínio das migrações e da Diáspora, com especial enfoque nas femininas, em colaboração com a AMM

 Nos últimos anos, sobretudo desde que cessei funções oficiais, tenho procurado, sempre que possível, destacar a minha pertença à AMM, nas sínteses curriculares, assim como enquadrar as minhas intervenções, mesmo as que são solicitadas a título pessoal, no programa de atividades da Associação. As frequentes deslocações ao estrangeiro deram-me, e de algum modo continuam a dar-me, oportunidades de incentivar uma maior participação cívica e política das emigrantes, seja pelo seu acesso ao patamar do dirigismo associativo geral, seja, em alternativa, pelo desenvolvimento de movimentos cívicos, e pela aproximação, entre si, de mulheres de diferentes comunidades e delas com a AMM, assim potenciando uma vertente internacional, que é, bem vistas as coisas, a sua vocação originária.



MARIA DA GRAÇA RIBEIRO DE SOUSA GUEDES

Nasci em Espinho, na Casa de Saúde, poucos dias depois do início da 2ª Grande Guerra Mundial.
Cresci em Espinho. Vivo em Espinho, na casa onde quase sempre vivi desde o meu nascimento.
Fiz o ensino primário e o secundário (até ao 5.º ano do liceu) em Espinho, no Colégio Nossa Senhora da Conceição. Depois o 6º e 7º anos, no Colégio do Sardão, onde conheci a Drª. Manuela Aguiar e desde essa data, a nossa amizade existe.
Tive uma infância e adolescência muito feliz, muito acarinhada pelos meus Pais e irmãos, bem mais velhos do que eu, mas num ambiento de rigor e exigências, não só de âmbito cultural, mas também civilizacional.
Nesta fase da minha vida envolvi-me intensamente com atividades culturais: Música (piano) e Desporto (Natação – aprendi a nadar com 3 anos, praticando diariamente na Piscina Solário Atlântico em Espinho; Voleibol – fazendo parte da 1ª equipa feminina do  Sporting Club de Espinho). Nestas modalidades desportivas continuei um caminho para a alta competição: Natação, no Sport Algés e Dafundo; no Voleibol, no Sporting Club de Espinho e depois no Lisboa Ginásio (campeã nacional).
Embora sempre pretendesse fazer a licenciatura em Medicina e até tivesse feito provas de admissão na Universidade do Porto, com sucesso, decidi optar pelo Desporto, no INEF (Cruz Quebrada), onde fiz a Licenciatura em Educação Física (1963). Mais tarde (1979), rumei a Paris para a realização do Doutoramento em Psicologia na Universidade René Descartes – Sorbonne (concluido em 1984), com a dissertação intitulada Les Conduites d´Adaptation Motrice Chez les Enfants Scolarisés de Deux à Trois Ans – les enfants portugais en France et au Portugal .
E aqui começou toda a minha envolvência com a problemática da emigração. Não só pelo estudo científico aprofundado, tal como exige este grau académico, como também pelo contacto com a comunidade portuguesa em Paris, para a investigação no terreno das crianças portuguesas, que era o meu objeto de estudo. Acresce a minha aprendizagem com os professores portugueses aí envolvidos no ensino do português, em cursos que dinamizei a convite da Coordenação do Ensino de Português em França.
Este Doutoramento foi reconhecido em Portugal em Ciências do Desporto pela Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto, onde desenvolvi toda a carreira académica e científica. Fui então a primeira mulher que em Portugal obteve este grau académico nesta área científica – Ciências do Desporto. Com Agregação, fui depois Professora Catedrática (também a primeira mulher a obter este grau académico em Ciências do Desporto), liderando um grupo de disciplinas afetas ao Comportamento Motor. Múltiplas orientações de teses de Mestrado e de Doutoramento, participação em Congressos, Conferências e publicação de livros e de artigos em Revistas científicas, marcaram este percurso universitário.
Para além desta carreira académica, também na desportiva saliento desempenhos de treinadora de Ginástica Rítmica (Sport Club de Porto – com uma classe que foi vice campeã europeia) e de Voleibol feminino (CDUP e Sporting Club de Espinho, campeã nacional).
A convite da Secretaria de Estado da Emigração dinamizei ações de formação sobre Atividades Lúdicas Tradicionais (Jogos e Danças) nas comunidades portuguesas da Europa (França, Suiça e Alemanha), Américas (Canadá, EUA, Panamá, Venezuela, Brasil, Uruguai e Argentina), Ásia (Malásia - Malaca) e África (Zaire e África do Sul – Joanesburgo, Pretória, Durban e Cidade do Cabo), balizando o ensino da língua portuguesa. Estas vivencias favoreceram-me um conhecimento aprofundado da nossa comunidade espalhada pelo mundo.
Em 1984 fui Diretora do Centro de Estudos da Emigração, sucedendo neste cargo à sua fundadora, Profª. Doutora Maria Beatriz Rocha Trindade. Simultâneamente, fui Delegada no Porto do Instituto de Apoio da Emigração e das Comunidades Portuguesas.
No meu relacionamento com a comunidade, desempenhei diversos cargos diretivos: Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Espinho (Vice Presidente da Direção), Sporting Club de Espinho (Presidente da Assembleia Geral), Orpheon de Espinho (Vice Presidente da Assembleia Geral) e Presidente da Assembleia Municipal de Espinho.
Fui fundadora e Presidente da Sociedade Internacional de Estudos da Criança.
Sou sócia fundadora da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante, onde fui a primeira Vice Presidente da Direção e atualmente sou Secretária Geral.
Sou Sócia Honorária da Sociedade Científica de Pedagogia do Desporto.
Fui condecorada em 2003 com a medalha de ouro da cidade de Espinho (Medalha de Mérito).

 1.  Algumas considerações sobre o seu modo de ver e de trabalhar para os objetivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada a iniciativas da AMM e/ou a  novas propostas.  

Orgulho-me de ser  uma das fundadoras da Associação, respondendo com a maior honra e satisfação ao desafio da Drª Manuela Aguiar.
Honra e satisfação em poder participar na implementação de um projeto, pensado e proposto durante o histórico 1º Encontro Mundial de Mulheres no Associativismo e no Jornalismo (1985) a que assisti em Viana do Castelo e pontualmente ajudei logisticamente a sua organizadora, Drª Maria do Céu Cunha Rego: o da união das mulheres portuguesas no mundo -  a criação da Mulher Migrante Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade, em 1993,  por escritura notarial em 2 de janeiro de 1994.
Desafiada pela Presidente da Assembleia Geral, Drª Manuela Aguiar e com o cargo de Vice-Presidente da Direção, fui responsável pela organização do Encontro Mundial de Mulheres Migrantes – Gerações em Diálogo, realizado em Espinho em Março de 1995, cuja tarefa foi facilitada pela extraordinária equipa que me apoiou.  Efetivamente, todas as tarefas são simplificadas, quando a equipa é coesa e dinâmica, interessada em tudo fazer para o êxito da organização. Com diferentes vivências e formações académicas, muitos dos quais estudantes de doutoramento da minha Faculdade, propiciaram uma articulada intervenção para dar resposta a todas as necessidades.
Um Encontro que marca indelevelmente o início das atividades da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade Mulher Migrante.
Estiveram cerca de 400 participantes (sendo 91 das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo), muitas das quais vindas dos cinco continentes e na sua grande maioria dirigentes associativos, professores, investigadores, antigos conselheiros do CCP, jornalistas, políticos, jovens das comunidades e de associações espinhenses. Algumas já tinham estado em Viana (1985): Eulália Salgado, Lourdes Lara, Juliana Resende, Manuela Chaplin, Berta Madeira, Mary Giglitto e outras, agora a residir em Portugal, tais como a Laura Bulger (Canadá) e Leonor Xavier (Brasil).
Este Encontro, que serviu para dar a conhecer a nossa associação,  foi também a concretização de uma das recomendações do Encontro de Viana (1985), que visava a realização de um Congresso de Portuguesas no Mundo e, segundo Manuela Aguiar (2009), … com a finalidade de abordar áreas temáticas, tais como a presença feminina no associativismo, na comunicação social, no trabalho, no ensino da língua, na preservação da cultura, através das segundas gerações, na preparação do regresso a Portugal.
A partir de 2005, tive a honra de participar nos Encontros para a Cidadania (2005-2009), presididos pela Dr-ª Maria Barroso e patrocinados pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, que se realizaram em Portugal (Lisboa, Maia e Espinho) e no estrangeiro (Buenos Aires, Joanesburgo e Estocolmo).
Colaborei com a Drª Manuela Aguiar e a Drª Arcelina Santiago na elaboração de publicações que foram editadas pela Associação.
Continuo disponível para colaborar com a presidente Arcelina Santiago e com os restantes membros dos orgãos sociais na execução do ambicioso programa para o ano de 2019.

2. " A AMM propõe-se, desde as origens, ser uma plataforma de encontro de dois mundos - o do estudo e o da ação no terreno das comunidades, da solidariedade e da cooperação com o movimento associativo, em diálogo e debate contínuo."
  Como vê as possíveis aplicações concretas das suas linhas de investigação e/ou planos de ação no domínio das migrações e da Diáspora, com enfoque especial no feminino.

Com o avançar dos anos, somos tentadas a simplificar as nossas tarefas científicas, já que ficaram para trás as tarefas profissionais, que tanto nos envolveram.  
Somos tentadas a novos estilos de vida, mas que se podem adaptar a novos desafios.
E esta associação é um deles.
O desafio de continuar Secretária Geral impõe prestações, às quais me dedicarei com o maior empenho, em conformidade com o disposto nos Estatutos. E, para além deles, em conformidade com a vontade da nossa presidente, que conheço de há longa data e com quem tivemos experiências fantásticas de paradigmáticas lições de democracia!
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NELMA PATELA

Adicionei recentemente ao meu e-mail uma 'assinatura', i.é, um link q remete para artigos publicados   (acho q está visível, tem foto minha, nome e diz 'About me').
Em anexo, o CV que enviei qdo defendi a tese.
Resumindo, tenho licenciatura em Línguas e Culturas Modernas - Português / Francês (Universidade de Aveiro);
Mestrado em Literatura Portuguesa (Fac. Letras da Univ. Lisboa)
Doutoramento em Educação (Com menção 'Sobresaliente') em Santiago de Compostela (desde dezembro 2015), é um programa europeu, tenho reconhecimento em Portugal para efeitos académicos, e tb progredi na carreira, por ser cá reconhecido.
 Sou desde 2017 Confrade da Confraria Queirosiana, no Grau de Louvada (Solar de Resende, Gaia).

Acima de tudo, Sou mãe, amiga, filha, professora apaixonada pelo trabalho

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ESTER DE SOUSA E SÀ

Saudações amigas para todos/as!
Em consonância com o pedido de perfil requerido pela AMM, tenho a dizer que antes de me tornar associada da Mulher Migrante, fui colaboradora nas várias revistas que foram publicadas ao longo dos últimos 5 anos.
Eu, Ester de Jesus Ferreira de Sousa e Sá, mais conhecida como, Ester de Sousa e Sá, natural de Anta, Espinho, reconheço-me como uma mulher de acção, que ainda criança emigrou com os pais para África. Para aqueles que não me conhecem e que por ventura terão interesse em ler o meu perfil, juntamente com uma narrativa resumida de uma vivência de 44 anos em terras de África, a edição Expressões Femininas da Cidadania – III Encontro Mundial de Mulheres na Diáspora - Palácio das Necessidades, refere nas páginas 138/141. Saliento ainda a Revista - Entre Portuguesas 2015, Maria Barroso na nossa Memória, - páginas 72 e 73, e a Revista - 70 Anos de Migração em Liberdade.
Fiz carreira bancária que por motivos de ordem familiar foi interrompida muito antes da idade de reforma. Porém, desde o meu regresso a Portugal há 22 anos, o meu percurso tem sido pautado por uma insistente procura de auto conhecimento e avanço no campo das artes e literatura.                                                                                                                                                     Presentemente, no âmbito da propagação e partilha da cultura, tenho um projecto meu também por mim coordenado, do lançamento para breve de uma Colectânea de Poesia Luso-Galaica, porque como dizia Fernando Pessoa, - Deus quer, o artista sonha, a obra nasce. –
Com um grande abraço ofereço este meu poema a todas as Portuguesas associadas e não só, espalhadas pelo Mundo.
                              
TER ASAS
Ter asas é libertar a alma,                                                                                                         Virar as costas às agruras e mesquinhez da vida,                                                                                               E entrar num arco-íris de cor!
Ter asas é subir alto,                                                                                                                       E apostar na vida com amor,                                                                                                                Encara-la como dadiva bendita!
É deixar-nos levar nas asas da imaginação,                                                                       Libertar o pensamento,                                                                                                             Voar alto com criatividade e inspiração!                                                                     
Reconhecer o poder de ter asas,                                                                                       Que nos chegam através do conhecimento,                                                                                            Livros, inteligência, amor,                                                                                             Esperança.
Precisamos ter asas,                                                                                                        Romper com as correntes,                                                                                                                Que nos agrilhoam,                                                                                                                      Abrir horizontes e construir pontes,                                                                                  Caminharmos juntos de mãos dadas,                                                                          Construindo um mundo melhor.                                                                                Precisamos ter asas!                                                                                                                          Não nos cortem as asas!

Ester de Sousa e Sá.

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MARIA EDUARDA AGUIAR DA FONSECA

Fui migrante desde criança dentro do país, antes de o ser, por alguns anos, noutros países e continentes. Nasci em 1945, em Paços de Ferreira, vivi no Ato Minho, em Trás-os Montes, na Beira Baixa, no Alentejo, em Lisboa, Londres, Luanda, Genebra e Paris. Fiz a escola primária na Freixeda (Mirandela) e no Sortelha. Depois, estudei nas cidades do Porto (distrito de origem da família) e em Setúbal. O meu pai era engenheiro de minas e onde o levava a profissão lá íamos nós, descobrindo as bonitas terras do "Portugal profundo".
A minha primeira experiência do estrangeiro foi em Inglaterra, Durante cerca de um ano trabalhei como "au pair" em casa de um casal de judeus muito simpáticos A principal tarefa era  tomar conta do filho, um menino de um, dois anos. A intenção era praticar o inglês - melhorei bastante, mas o meu ponto forte nunca será falar outras línguas.  
O primeiro emprego foi na Caixa Nacional de Doenças Profissionais, desde 1963. Pouco depois, o meu pai foi para Angola, para sd minas de ferro de Mombaça, perto de Malange. Era um apaixonado por África, as suas narrativas convenceram-me a fazer-lhe uma visita prolongada e acabei por ficar em Luanda três anos, com um bom emprego na Mobil. Sentia-me bem, tanto na cidade, como no interior. Passava muitos fins de semana na mina. Era zona de guerrilha, mas nunca nos aconteceu nada, O meu pai dava-se bem com os trabalhadores. Havia armas para defesa, mas estavam sempre guardadas, exceto quando serviam para irem todos juntos à caça. Voltei a Lisboa e à "Caixa", onde passei a ser secretária do presidente Dr António Leão. Em maio de 1974, o meu pai estava sozinho em Luanda, deixara Mombaça e chefiava o departamento de trânsito da Câmara, e eu decidi ir fazer-lhe companhia. Fui para lá num avião que poucos civis transportava - o grande movimento era em sentido contrário...Dessa segunda vez, fui hospedeira de terra de uma companhia de aviação. No início de 1975,  o pai e ele viemos para Lisboa, com a intenção de passar férias. Ele trazia apenas uma pequena mala, deixou o carro e o apartamento entregues à empregada. Mas já não tivemos condições para regressar.  Mais uma vez me aceitaram na "Caixa" como "filha pródiga"..
Em meados de 1983, fui destacada para o gabinete da Secretária de Estado da Emigração. O destacamento, convinha ao gabinete, era a única forma de conseguir colaboração a custo zero. Foi um trabalho diferente, menos burocrático, interessante - dei apoio, sobretudo, no sector cultural. Estive, por exemplo, na organização de exposições itinerantes e das coletâneas de diapositivos ("Quadrantes de Portugal), etambém na recolha de dados sobre as associações de todo o mundo, que formavam o Conselho das Comunidades (tarefa que não foi nada fácil). E até desenhei medalhas comemorativas. Lembro-me de ter feito uma só viagem como (única) acompanhante da Secretária de Estado, a Manuela Aguiar. Eu devia tratar dos programas, dos contactos locais, do check-in nos aviões e hotéis, etc, mas, como ela é muito impaciente, adiantava-se e despachava tudo. Depois, em Lisboa, queixou-se de que ela é que fizera de minha secretária... Não voltei a ser escolhida para missões dessa natureza. 
Em 1987, com licença sem vencimento da Caixa Nacional de Doenças Profissionais, pelo prazo máximo de três anos, fui para o consulado de Genebra, como chanceler, e, depois, a convite do Dr Carlos Correia, para Paris, mas optei por voltar ao cargo de origem, antes do termo do prazo limite dado pela "Caixa". Anos mais tarde, concorri para a Caixa Nacional de Pensões. Aí tive contacto com processos de pensões de emigrantes da Venezuela, verdadeiramente dramáticos, que, ao meu nível, queria mas não podia resolver.
Quando atingi a idade da reforma, comecei uma nova vida. Sempre gostei de fotografia, desenho, pintura, cinema. Em tempos tinha frequentado um curso da ARCO, em Lisboa. Dediquei-me, sobretudo, à pintura em acrílico, Além de exposições individuais, participei em várias coletivas, incluindo as duas primeiras Bienais de Mulheres d' Artes, em Espinho.

2 - Embora não estivesse inscrita como membro da AMM colaborei em duas exposições organizadas durante os congressos mundiais de 2011 (no Forum da Maia) e de 2013 (nos claustros da "Fundação Pro Dignitate")  e segui as várias intervenções desses congressos. Conheço quase todos os dirigentes da AMM e muitos dos seus associados, de quem sou amiga e admiradora, A Drª Rita Gomes foi sempre encantadora comigo, tanto enquanto trabalhei na emigração como depois. Lembro-me de que ,uma vez, a convidei para uma minha exposição de pintura em Oeiras e ela foi até lá dar-me um abraço, num táxi, que esperou bastante tempo para a trazer de volta a Lisboa.  
3 - Gosto da forma como a AMM procura chamar a atenção para as desigualdades e injustiças de sociedades, que no século XXI, ainda estão pouco consciente da perda que significa a desvalorização das capacidades das mulheres, e muito fechadas no que respeita às dificuldades de adaptação e de competição na carreira dos imigrantes e refugiados. 
Embora as minhas passagens por África e por alguns países da Europa não tenham sido muito longas, deixaram-me saudades (de Angola, sobretudo), muita simpatia por gente de outras culturas e deram-me a vontade de lutar pela maior aceitação mútua,
Aderir à AMM e participar mais ativamente nas suas iniciativas será uma oportunidade de me manter a par dos progressos ou da falta deles, neste campo, e uma forma de ser solidária com causas que valem a pena e com pessoas que trabalham por genuína vontade de ajudar os outros

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ANTÓNIO PACHECO
António Leite Cruz de Matos Pacheco, natural de Moçambique .
Lourenço Marques, ano de 1946. Na zona da Polana, nasci perto do ainda hoje célebre Hotel Polana
Felizmente hoje mantenho a dupla nacionalidade: moçambicana e portuguesa.
 Licenciatura em Direito pela Clássica de Lisboa.
-EM 1976 tive a felicidade de ter sido chamado pelas novas autoridades moçambicanas para o cargo de diretor adjunto do recém criado Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane. Sob a orientação dos professores Aquino de Bragança e Ruth First -ambos assassinados, em diferentes datas  pelo regime sul africano do apartheid-organizamos com uma equipa pluridisciplinar uma investigação sobre os trabalhadores moçambicanos nas minas da Africa do Sul. Este trabalho viria a ser publicado em 1977, em Moçambique, Reino Unido e USA, com o nome de "Mineiro Moçambicano".
Nunca mais pude deixar Africa.
-Nos anos 80, fui convidado para trabalhar na Radio Renascença, Lisboa, como especialista em assuntos africanos. 
- Em  1989, quando a guerra civil moçambicana tomou proporções terríveis ,pedi licença à Radio e fui trabalhar como voluntario na  fronteira entre Ressano Garcia (Moçambique) e o bantustao sul africano do Kangwane. Este trabalho de apoio aos refugiados era orientado pelo "bureau de refugiados da Conferencia Episcopal da Africa do Sul". Trabalhei sobretudo na formação de professores de língua portuguesa.
 -Em 1989/90  tive a honra de conhecer e iniciar a minha Amizade com MARIA DE JESUS BARROSO SOARES que me levou para a «ProDignitate»  e MANUELA AGUIAR que me trouxe até a «Mulher Migrante» .

Nos anos 90 a Renascença enviou-me para a Guiné para fazer a cobertura do conflito no terreno, entre dois chefes militares. Apareceu-me ai pela primeira vez um conflito pessoal: Correspondente de guerra, como pomposamente gostavam de ser chamados os meus colegas? ou fator de construção da paz?.
 E lembrei-me do ditado moçambicano: «na savana quando dois elefantes se batem quem fica a perder é o capim(relva) envolvente.
Desde há 12 anos, e trabalhando primeiro na  Fundação Pro Dignidade e agora convosco que a duvida vai continuando... e deu origem ao projeto «jornalismo para a paz», com trabalho feito (um manual de jornalismo) e  ações de treino levadas a cabo na Guiné-Bissau, Cabo Verde e comunidades de língua portuguesa na Costa Leste dos USA (apoio da Rhode Island College) 


2-O modo de ver e de trabalhar juntando as 2 componentes: investigação e prática. Chama-se Lusofonia e consiste em trazer para jornalistas e animadores de rádios comunitárias e rádios de proximidade o conceito de rádio ao serviço das comunidades de língua portuguesa



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 MARIA ISABEL BARROS AGUIAR PEREIRA
Licenciada em Direito pela Universidade Católica do Porto
Advogada


- " Foi com a realização de algumas deslocações às comunidades de emigrantes (na altura como membro do Conselho Fiscal da MM) pelo mundo, que percebi a importância do associativismo, em especial no âmbito da Comunidades Portuguesas.
As associações são um núcleo fundamental da sociedade, que permitem a promoção da cidadania, do patriotismo e que conduzem ao desenvolvimento e crescimento pessoal e coletivo. 
As associações colocam em aberto e a público os problemas vividos pelos indivíduos na sua vida privada e dessa forma, em conjunto, conseguem dar solução a um sem fim de problemas que os emigrantes enfrentam quando se encontram deslocados.
Foi a este processo enriquecedor de deliberação comunitária e de consciência social que assisti nas minhas visitas às comunidades portuguesas.
Apesar de nos locais visitados existirem imensas associações locais de Portugueses, é fundamental que haja no país de origem uma instituição que funcione como retaguarda e traço de união das comunidades, daí achar fundamental e imprescindível o papel da Mulher Migrante no Mundo das Migrações.”

2 - Recordo, também, a minha primeira participação na AMM. A convite da Doutora Graça Guedes, integrei o secretariado do "Encontro Mundial de Mulheres Migrantes", que se realizou em 1995, na cidade de Espinho. Era então uma jovem recém licenciada em de Direito, que fazia o estágio para a advocacia, O encontro tinha por título "Diálogo de Gerações" e havia um significativo número de representantes das segundas gerações, raparigas e rapazes da minha idade, e, naturalmente, personalidades da emigração feminina de todos os continentes. Ao todo, mais de 300 pessoas! Creio que foi, até à data, o maior evento do género levado a cabo dentro do país e prolongou-se por quase uma semana. Os temas foram introduzidos por alguns dos mais reputados especialistas nacionais no campo das migrações. Os debates foram intensos. Encerrou a Drª Maria Barroso, que era então a "Primeira Dama" - um discurso inspirador, brilhantíssimo! Ficou connosco para o jantar de despedida, que foi uma grande festa, um convívio de amizade, muito à portuguesa - até me convenceram a cantar o fado. 
Aprendi muito, acho que todos aprenderam! E o impacto na cidade e no país, e suponho, também na emigração foi enorme, projetado pelos meios de comunicação social
.Constituiu, assim, um momento especial em que se ouviu a voz das mulheres da emigração e  da juventude, em que a AMM, criada há pouco mais de um ano, se afirmou com a sua vocação internacional.
Espero poder colaborar no futuro em iniciativas semelhantes.

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Foto Exposição Espinho.jpg





JOÃO MIGUEL BARROS AGUIAR PEREIRA

Nasci na Cidade do Porto, em 1965, mas foi em Gondomar que cresci, fiz a maior parte dos meus amigos e estudei até ao 9º ano de escolaridade. Durante o ensino secundário, frequentei o Liceu Rainha Santa Isabel e a Escola Artística Soares dos Reis, no Porto. Mais tarde, o cumprimento do serviço militar obrigatório, em 1986, em Abrantes, fez esmorecer o sonho inicial da Arquitetura e estimular o interesse pelas atividades empresariais. No entanto, o gosto pelas artes e as letras nunca desapareceu, tendo encontrado refúgio em diversas incursões na pintura, no cinema, na literatura e na música. 

[PERCURSO ACADÉMICO E PROFISSIONAL]
De regresso aos estudos académicos, licenciei-me em Sociologia e concluí o mestrado em Ciências da Comunicação (Variante em Comunicação Política) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Mais recentemente, obtive o Doutoramento em Media Digitais pela Universidade do Porto e pela Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com a Universidade do Texas, em Austin. 
No âmbito do mestrado em Ciências da Comunicação desenvolvi um projeto de dissertação com o título “O Facebook e a Comunicação Política: dos Usos e Gratificações à Análise de Redes”, o que permitiu fortalecer o meu interesse nos processos sociais relacionados com a participação cívica e política (i.e. on-line e off-line). 
Colaborei, em 2012, como investigador, no projeto “Relational Quality, Digital Immersion and Social Welfare”, uma parceria entre a Universidade do Porto, a Universidade Aberta e a Universidade de Sevilha. Este projeto insere-se na “Rede ObLID”, uma comunidade ibérica formada por investigadores e agentes locais, vocacionada para a promoção da literacia e inclusão digital no âmbito municipal. Fui também responsável pela produção de conteúdos multimédia no âmbito do projeto de comunicação de ciência “Ciência 2.0”, um projeto desenvolvido na Universidade do Porto que visa promover um maior diálogo entre a ciência e a sociedade. Coordenei a organização do "1st Meeting on Digital Media Research Methods (DiMe 2013)", realizado na FEUP em 24 de Maio de 2013.
Em 2013, foi-me concedida uma bolsa de doutoramento, através do Programa UT-Austin | Portugal (Media Digitais), apoiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). O projeto de investigação aprovado envolveu também o processo de acreditação da Universidade do Porto ao EUROSTAT, em que participei ativamente durante o ano de 2014. 
No âmbito do doutoramento em media digitais, a componente empírica do projeto de investigação desenvolvido centrou-se na análise estatística dos micro-dados em torno das clivagens digitais e da participação cívica e politica on-line nos diferentes países da União Europeia, nomeadamente ao nível do acesso, da usabilidade e da experiência de utilização dos media digitais (estes dados foram disponibilizados pelo Eurostat no âmbito do “Eurostat's Community survey on ICT usage in Households and by Individuals”). 
Em 2018, defendi a minha tese de doutoramento em Media Digitais, que teve como tema as "Clivagens Digitais e a Participação Cívica e Política: Que tipo de cidadania para o século XXI?”. O programa doutoral em Media digitais é um programa conjunto da Universidade do Porto e da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com a Universidade do Texas em Austin.
Exerço atualmente as funções de investigador no Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, no âmbito do projeto “Harmed - O abuso de idosos: determinantes sociais, económicas e de saúde”, uma parceria com o Instituto de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (ISPUP), que tem como finalidade avaliar a incidência do abuso de idosos na Cidade do Porto e identificar os fatores de risco de exposição a comportamentos abusivos.
Sou também membro da “Rede ObLID”, uma rede de investigação e intervenção para a Literacia e a Inclusão Digital, que agrega uma comunidade de agentes coletivos e individuais e está vocacionada para a Investigação e a Intervenção no domínio da Cidadania e da Participação Digital. Sediada na Universidade Aberta-LE@D, a Rede ObLID é também dinamizada por investigadores da Universidade de Deusto (Espanha) e conta com a participação de Municípios, Comunidades Intermunicipais, Associações, Organizações não-governamentais (ONG), e outras organizações com intervenção nestes domínios.
Ao longo dos últimos anos tenho participado em diversas conferências e seminários no país e no estrangeiro, publicando as comunicações aí defendidas. Tenho publicado vários artigos em revistas científicas e colaborado em diversos projetos de investigação e desenvolvimento (I&D). 
As minhas áreas de interesse atuais relacionam-se sobretudo com os processos sociais, com as desigualdades sociais, a sociologia da comunicação, a ciência política, as metodologias de investigação, o uso cívico e político dos media digitais, o e-Government, e-Society, a literacia digital e a estatística.

[ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O MEU MODO DE VER E DE TRABALHAR PARA OS OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA AMM]
O estudo da problemática das migrações e da diáspora envolve invariavelmente um conjunto de dimensões socioeconómicas, particularmente as que se relacionam com a política, economia, o direito, a inclusão e participação social. Sendo assim, uma vez reconhecido o panorama global da condição feminina nas sociedades contemporâneas, não podemos deixar de nos preocupar com a situação das mulheres que, independentemente dos motivos, se encontram afastadas dos seus países ou comunidades de origem. Tal como como os homens, as mulheres migrantes transportam consigo as suas raízes e identidades socioculturais. Porém, no caso das mulheres em particular, estas deparam-se com as desigualdades e clivagens dos países ou comunidades de acolhimento, que as atingem mais sistematicamente. Podemos assim dizer que se encontram mais vulneráveis a uma dupla descriminação: a de ser migrante e a de ser mulher. Daí a importância e pertinência de movimentos cívicos como o da Associação Mulher Migrante, nomeadamente no “Apoio à integração das mulheres na sociedade de acolhimento e defesa dos seus direitos de participação social, económica e política.”
O meu primeiro contacto com a Associação Mulher Migrante foi no "Encontro Mundial de Mulheres Portuguesas da Diáspora; história, memória e devir", em 2011, quando aí apresentei o estudo "Desigualdade de género no trabalho: Portugal e a União Europeia". A minha participação nesse encontro foi uma excelente oportunidade para melhorar a minha compreensão do fenómeno global das migrações e particularmente de partilha de experiências de vida que muito me recompensaram. 

Finalmente, este breve testemunho serve também como uma afirmação de interesse em colaborações futuras, disponibilizando-me desde já para colaborar com a Sr.ª Dr.ª Arcelina Santiago e restantes membros dos órgãos sociais na concretização dos objectivos assumidos para o ano de 2019

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ARCELINA SANTIAGO


O meu nome não é simples e tenho muitas vezes de o repetir – Maria Arcelina Chamtip Clementino de Santiago. Nasci em Macau e a minha história é quase uma representação da diáspora pelos vários continentes. Na verdade, eu nunca senti uma forte pertença a este ou aquele lugar em especial, vejo-me mais como uma cidadã do mundo. Sinto-me bem em qualquer lugar e dele faço o meu ninho. Talvez pelas inúmeras viagens que fiz, especialmente em criança até à adolescência, pelas muitas escolas que frequentei, pelas tantas  pessoas com quem me cruzei. O meu avô, Manuel Chamtip partiu muito jovem, tal como tantos chineses, à procura de melhores condições de vida, no final do século XIX, rumo ao mundo novo. Atravessou o pacífico e, tal como outros tantos, denominados Collies que partiam para o Perú ou México, ele fixou-se no México e aí casou com minha avó, Maria de la Luz Leon Navarro e tiveram três filhas. Uma delas, a minha mãe Maria Balbanera Chamtip. A vida torna-se difícil naquelas paragens e a família parte de novo rumo às origens paternas, mas já não se fixam na China. Escolhem inteligentemente Macau por ser mais fácil a integração das filhas e a mulher que falam o espanhol. Mais tarde, o meu pai, João Batista Clementino, minhoto de gema, parte para a tropa para Macau, conhece a minha mãe , casa e tem duas filhas. Uma delas sou eu. Mais tarde, parte esta a nova família para Portugal e ficam as saudades dos avós em terras lá longe…Mais adiante rumam até  África. Aí frequentei, em Luanda, um curso de Portugalidade por ser a melhor aluna do Liceu Norton de Matos.
Venho, entretanto,  frequentar em Lisboa a Faculdade de Letras, integrando-me um lar de estudantes ultramarinas, mas é na Universidade do Porto que termino a Licenciatura em Filologia Germânica. Mais tarde, faço uma Pós-graduação em Formação Pessoal e Social e a seguir o Mestrado em Ciências Sociais, Políticas e Jurídicas, na Universidade  de Aveiro, fazendo incidir a minha tese sobre as Questões do Género - um estudo de caso: a presença das mulheres na Academia, na Universidade de Aveiro. A minha atividade profissional esteve essencialmente centrada no ensino.Do profissional ao básico/secundário até ao ensino superior. Assumi todos os cargos possíveis dentro da Instituição Escolar: professora, diretora de turma, coordenadora de departamento, membro da direção, orientadora pedagógica de estágios. Fui também eleita representante dos Professores ao Conselho Municipal da Educação em Espinho. Outra faceta que também me enriqueceu muito como pessoa foi ter sido Diretora do Centro de Formação das Escolas de Espinho e Consultora Pedagógica de Formação.
No plano cívico, sou sócia fundadora e dirigente de várias associações tais como: a Associação dos Amigos da Biblioteca José Marmelo e Silva, a Confraria da Caldeirada e do Camarão de Espinho, na defesa da Arte Xávega. Durante muitos anos, e marcou-me muito como pessoa, ter sido juíza social no Tribunal de Família da Comarca de Espinho. Fui formadora de muitos núcleos de formação, destinados a  jovens e adultos - grupos de risco. Sou também sócia da Casa Macau, forma de manter ligações com as minhas raízes.
A minha experiência política passou por ser deputada Municipal na Assembleia Municipal de Espinho e mais tarde, membro da Assembleia da Junta de freguesia de Espinho.


Comecei a colaborar com a AMM há quase dez anos, a convite da Dra Graça Guedes na altura do Encontro Mundial em Espinho.
Sou atualmente voluntária na Universidade Sénior de Monção, orientadora dos Ateliês da Memória iniciativa da AMM. Colaboro com jornais locais como a Terra Minhota e  Defesa de Espinho integrando uma coluna sobre temas diversos de âmbito cultural e social. Em termos profissionais, abandonei a carreira docente porque tinha de fazer opções: decidi enveredar pela carreira empresarial, levando em frente um legado de família que exigia presença e dedicação. Foi uma viragem completa na minha vida, mas seguramente é também um grande, um muito grande desafio.
Considero-me uma mulher defensora de causas de cidadania, adoro ler, viajar e comunicar. Sou curiosa e considero-me uma pessoa em constante aprendizagem.
1.Algumas considerações sobre o seu modo de ver e de trabalhar para os objectivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada a iniciativas da AMM e/ou a  novas propostas.  O Encontro internacional "Mulheres da Diáspora" em 2009 (Centro Multimeios em Espinho) foi a minha estreia na AMM e, depois, seguiram-se muitas outras iniciativas, por exemplo, homenagem a duas mulheres fantásticas - Maria Lamas e Maria Archer. Para Maria Archer criei um guião com base em diversas fontes sobre a jornalista e escritora, denunciadora das condições das mulheres e defensora dos seus direitos e, por isso, remetida ao exílio. Essa entrevista imaginária  foi replicada muitas vezes em vários eventos em escolas. Depois, segue-se o Encontro Mundial em Lisboa e, mais tarde, os  vários colóquios em Espinho e Gaia  e, ultimamente, em Monção, na comemoração dos dia internacional da mulher e em colóquios “Expressões de cidadania no feminino” e ainda este ano, em abril o “ Colóquio Portugal Brasil - a descoberta continua a partir de Monção” e apresentação do livro e Adelaide Vilela “Magna de afetos” na biblioteca Municipal de Monção.
Colaborei juntamente com Graça Guedes e Manuela Aguiar nas publicação anuais da AMM e juntas envolvemo-nos  em iniciativas nas quais me identifiquei não apenas pelas causas,  mas pelo estilo e metodologia de trabalho desta singular Associação em que cada um/uma  tinha  e tem  a sua voz presente e ativa.
2. " A AMM propõe-se, desde as origens, ser uma plataforma de encontro de dois mundos - o do estudo e o da ação no terreno das comunidades, da solidariedade e da cooperação com o movimento associativo, em diálogo e debate contínuo."…

Se bem que tenha vocacionado deste sempre o meu estudo e formação de pós graduação para as questões do âmbito da formação pessoal e social e das questões do género, é no terreno que me sinto realizada. Sempre que, através da escrita, pelas ações de formação ou intervenção em conferencias e debates sobre as questões em torno dos direitos humanos, em especial o das mulheres junto dos jovens e dos mais idosos (nas universidades seniores) sinto que o meu papel como cidadã interventiva ganha mais  revelo. Sou lutadora e crente de que será possível um mundo mais justo e mais igualitário, em que cada ser humano se possa realizar inteiramente. Por ter um historial de diáspora sou interessada pelas questões da emigração. Gosto das questões de organização e penso que me sinto confortável na organização de iniciativas.

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  1. MANUELA MARUJO

  2. Algumas considerações sobre o seu modo de ver e trabalhar para os objetivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada e iniciativas da AMM e/ou novas propostas.


Sou imigrante no Canadá desde 1985 e a temática da imigração tem sido objeto de meu interesse desde o início. Na verdade, 50% dos estudantes a quem lecionei Língua e Cultura Portuguesa, aos longo de três décadas, no Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Toronto eram luso-descendentes. Foi, por essa razão, que naturalmente me interessei por questões de identidade, falta de integração ou/e assimilação, problemas de intergeracionalidade e muitos outros.


Em 2003, quando se comemoravam os 50 anos da imigração oficial dos portugueses para o Canadá, tive a iniciativa de destacar a mulher imigrante portuguesa organizando o I Congresso Internacional sob o tema “A VEZ E A VOZ DA MULHER IMIGRANTE”. Esse encontro despertou o maior interesse entre os investigadores e público em geral e, quando apresentei o desafio de dar continuidade a esse forum de discussão, obtive o maior entusiasmo. Outros encontros internacionais se seguiram sob a mesma temática: em Berkeley, na Califórnia, na Universidade Federal do Paraná, Brasil, na Universidade de Macau, China, na Universidade de Nanterre, França e na Universidade do Porto, Portugal. Em 2005, quando na Universidade de Berkeley, apresentei no II Congresso um trabalho sobre a importância dos avós imigrantes na preservação da língua materna e património cultural, desafiaram-me a iniciar uma nova rede de congressos com o enfoque nos avós. Aceitei e organizei em colaboração estreita com a professora Rosa Simas, da Universidade dos Açores o I Congresso Internacional “A Voz dos Avós: Memória e Património Cultural”. Seguiram-se encontros semelhantes em Lisboa, na Fundação Pro Dignitate com a parceria do CEMRI (Universidade Aberta), depois novamente na Universidade dos Açores, a seguir na Universidade de Toronto, tendo o último congresso tido lugar em Salvador, no Brasil, com a colaboração das Universidades Católica da Baía e Univ. de Pernambuco.


2 – Algumas considerações sobre o seu modo de ver e de trabalhar para os objetivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada e iniciativas da AMM e/ou a novas propostas.


Através da Doutora Manuela Aguiar, nas suas intervenções em Toronto, tive conhecimento da AMM e simpatizei, desde o início, com a organização. Por ser uma associação cujos objetivos eram dar a conhecer uma realidade que muitos ainda desconhecem. Procurei colaborar deslocando-me a Portugal, em algumas ocasiões para encontros organizados pela AMM. Mas foi em Toronto que estive mais envolvida: participei em encontros de associativismo e cidadania realizados nesta cidade, fiz convite à AMM para lançar aqui as Academias Seniores de Artes e Saberes (ASAS Toronto, 2008), para comemoraros 40 anos do 25 de Abril (2014) e para um Simpósio intitulado “Mulheres da Diáspora Portuguesa em Movimento”( 2016).


Há muito para fazer e há potencial riquíssimo para se levar projetos a bom termo. Não tenho dúvidas de que uma organização como a AMM pode servir como alicerce para se poder construir em Toronto uma delegação da AMM com iniciativas comuns e outras mais específicas para a nossa realidade. Arcelina Santiago esteve em Toronto, no dia 31 de outubro, num encontro da AMM; testemunhou que há um grupo de associados entusiastas, dispostos a trabalhar para que a Associação de Estudos e Solidariedade Mulher Migrante continue fiel aos seus príncipios e objetivos.

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O Meu Universo D´Artes


– Luísa Prior –


“O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.”
Eleanor Roosevelt


Nasci em Stª. Marta de Penaguião, Trás dos Montes e Alto Douro. Atualmente resido em Vila Nova de Gaia, onde tenho atelier.
As Artes, um sonho que foi adiado e um dia aconteceu porque nem a Academia, nem a História, nem a Idade, são limites à Criatividade.
É perentório afirmar que voei no meu sonho de um dia acordar e poder viver tudo o que me atrevi a sonhar. Quando entrei nesta viagem flutuava num destino fluorescente onde as estrelas escreviam a mensagem que o vento sussurrava num beijo de cor muito quente.
A arte é a linguagem que escolhi para me exprimir e comunicar. Está em constante movimento sobrepondo-se, expandindo-se, fixando-se em todas as direções, criando novas imagens e situações interligadas de formas e cores, invocando universos em constantes metamorfoses.
O espaço pictórico na arte do século XIX foi inovador pelo derrube de tudo o que até aí havia sido construído, inclusivé, pela desconstrução do próprio plano da tela. Cada pintor reinventou, adaptou aos seus próprios fins, ganhando uma significativa autonomia.
E seguindo esse novo entendimento de espaço em pintura que tento ir mais além, e que cultivo frequentemente de uma forma pessoal, figuras de sugestão volumétrica.
Por vezes, mesmo nas obras em que os fundos são os grandes protagonistas, essas imagens repletas de luz e de cor surgem através de empastes ou relevos coloridos que se materializam contra a minha vontade, impregnam-se umas nas outras e, por vezes, perpassam para fora da tela.
Daí que não se possa falar em abstracionismo. Penso que, uma vez que estas imagens, nem sempre possuem contornos muito claros, nunca são formas cuja razão é mesmo plástica. Pelo contrário, existe uma constante intencionalidade na escolha da paleta de cores usadas.
Gamas de cores quentes e frias que transmitem a energia contida nos meus estados de espírito, emoções desencadeadas entre o mistério do espaço virgem. É através dele e do seu preenchimento que tento provocar inquietação ou expectativa, tendo como suporte ora o papel ora a tela, ora a madeira e outros, recorrendo ao óleo, à aguarela, e ao acrílico (pelo qual tenho especial predilecção). É através de opacidades, mais ou menos consistentes, ou de transparências etéreas que tento transmitir mensagens invariávelmente simples. Porque a Arte é essencialmente revelação. Pinta-se o que se vê e se sente como um bálsamo.
É através dela que tento desvendar o mistério da Vida do Homem, das próprias emoções. Efeitos de luz e cores em que a superfície e fundo se reinventam e servem de cenário ao desfilarem-se sinais espontâneos, de imagens arquétipas, “Seres de Luz” que, no entanto se submetem a uma ordem. Como se toda a minha obra fosse resultando duma embriaguez criadora, em última análise, um caminho para a luz, pelo desvendar contínuo de certas imagens, como se o mergulhar do pincel carregado de cor revelasse formas e mistérios, simbolismos de vida, são as tintas que tinjem a minha alma. É o rejubilar das cores a expanção da criatividade.
Expanção essa que se joga uma multiplicidade de diálogos, cromáticos e rítmicos, a partir dos quais parto para a busca interior das personagens metafóricas cujo ritmo e intensidade vão sofrendo mutação.
A minha pintura não deixa de ser rigorosa, embora através dos recursos plásticos que utilizo transmitam uma expressão livre, e de incursões no desconhecido.
Envolve-me um enorme silêncio e serenidade, própria do reconhecimento de que a arte é uma fonte, que nunca se esgota e o movimentar da espátula é o meu grito de liberdade, e o encontro de mim mesma.

Esta sou eu, com a irreverência e a loucura natural, de mãos dadas na minha viagem, permitindo que deixe nas telas e para sempre, as minhas mensagens.

Alguns prémios e nomeações:

Curso desenho na F.B.A.U. Curso pintura e desenho de retrato na Oficina Casa Museu Marta Ortigão Sampaio.

Participação em mais de 70 exposições individuais, mais 300 coletivas em Portugal e no Estrangeiro.

Sócia da Cooperativa Árvore e da Cooperativa Cultural dos Artistas de Gaia. Membro da Atual Direção.

Destacando Troféu Excelência 2014 de reconhecimento Cultural e Artístico; Atribuído na Fundação Museu Oriente, Lisboa; Troféu Cultural 1000 anos de História, Leça do Bailio; Menção Honrosa na Quinzena Cultural de S. Mamede de Infesta; Menção Honrosa na Bienal de Artes Rotary da Maia; Menção Honrosa “Em Gois Arte”. Artista Convidada e Homenageada, Dia Internacional da Mulher Sta. Marta. De Penaguião;

Artista convidada e Curadora da exposição “Saudade no Feminino” no Palácio da Independência; Lisboa. Artista convidada, e participante na organização da 1ª e 2ª Bienal Internacional de Artes dos Artistas de Gaia; 2015/17 Encontro de Arte e Amor em Mim do Auditório Douro Azul; Bienal de Artes Rotary da Maia; Exposição Movement; Internacional de Artes da Biblioteca Sta. Maria da Feira: Participação em: Arts Talks World Festival Internacional 2014 e 2015 na Cordoaria Nacional, em Lisboa; Comissária das exposições: destacando Saudade no Feminino; no Palácio da Independência Lisboa. Outonos Inquietos, Fundação e Museu Dionísio Pinheiro, Águeda; 40 Anos de 25 de Abril, Câmara Municipal de Gaia; Artes em Liberdade, Biblioteca Municipal de Espinho; Mulheres Artes em Movimento, Pro Dignitate, Fundação Direitos Humanos, Lisboa;

Autora; e Comissária de vários Projetos Culturais; Destacando; Comissária de Honra na 2ª Bienal Internacional Mulheres de Artes no Museu de Espinho; No Museu Etnográfico de Mira; Despertar das Artes, Museu Galerias Sousa Cardoso Espinho; Mãos Dadas com a Arte, Fundação INATEL; Artistas de Gaia, Onda Bienal Auditório Municipal de Gondomar; Salas de Júlio Resende: “Outonos Inquietos” Fundação E Museu Dionísio Pinheiro Águeda Fundação José Rodrigues 80 Anos 80 Interpretações; 2ª Bienal Internacional de Gaia, na Anual Sócios, Biblioteca Municipal; de Gaia; Convento Sampaio; José Rodrigues, 80 Anos 80 Interpretações, Homenagem ao Mestre; XIX Bienal Internacional Cerveira; Abraço Jovem Homenagem ao Mestre Fundação José Rodrigues;

Representada em diversas coleções Públicas, e Privadas; em Portugal, Espanha, França, Suíça, Bélgica, Itália, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Suécia, E.U.A., Rússia, Ucrânia, México, Brasil;

Representada; no Museu Teixeira Lopes, Museu Municipal de Espinho, Museu Etnográfico de Mira, Museu de Monção, Museu do Douro, Fundação INATEL, Fundação Eng. António Almeida, Casa Barbot, Casa da Cultura de V.N Gaia, na Biblioteca Municipal de Gaia; Fundação C.O.O.P. Porto, Fundação Museu de Dionísio Pinheiro em  Águeda, Fundação escultor José Rodrigues Casa das Artes Famalicão, Quinta Santiago em Monção, Livraria Orpheu em Bruxelas,, Ordem dos Médicos; e Ordem dos Engenheiros; no Porto. Municípios de Guimarães, Vila nova de Gaia, Santa Marta de Penaguião, de Vila Real; no Teatro De vila Real; Clube Literário do Porto; Casa da Cultura de Paredes; Jornal  As Artes Entre As Letras; Casa da Beira Alta no Porto; Viva Cidade, Porto; UNICEP, Tribuna de Arte Pacense; Casa dos Transmontanos, U.A.T.I.P.; Galeria Majestic; Galeria Liga dos Combatentes; Auditório Municipal de V. N. Gaia; Fundação António Araújo. Residente em várias Galerias, entre elas, em Miguel Bombarda Porto

Resposta  1ª  questão   


Sou a favor do Associativismo, Amante da Liberdade e Defensora da Igualdade de Género.
O meu olhar está atento a estas e outras causas, especialmente as direccionadas ao universo feminino. Ao associar-me  AMM e, tendo já colaborado em várias iniciativas culturais, particularmente no feminino, despertaram-me para vários temas de interesse passando a compreender melhor o papel das mulheres no Universo da  Diáspora em especial na Arte como forma de expressão para a Cidadania Activa.
A Vida faz-se Colaborando Construindo Laços e Pontes cada vez mais Fortes, assim iremos  mais longe. Como mulheres fazemos parte do futuro, isso pressupõe Dar as Mãos E Unir Afectos para um Universo de Igualdade de Direitos e Deveres. Será Utopia! A História o Dirá!

Resposta   2ª  questão 

Ao pensar neste Universo Feminino não resisto a dizer que ele é muitíssimo corajoso e de muita visão. Um verdadeiro construtor para a Mudança, em todas as esferas e realidades da Vida. Na participação, no associativismo, no debate, nos movimentos de luta, pelos seus direitos.
O universo  Artístico feminino, torna-se também relevante neste Mundo de Mobilidade Cultural. Este Território é marcado pelas Mulheres enquanto Criadoras e assim vão mudando o paradigma marcando a componente cultural sendo esta também uma das apostas nas iniciativas promovidas pela AMM. 
AMM tem grande expressão na sociedade civil principalmente na  intervenção publica no domínio das migrações da Diáspora feminina.
Felicito AMM pelo seu excelente trabalho ao longo da sua existência.

Luísa Prior
o interesse da Associação Mulher Migrante.


BERTA FERNANDA DE SOUZA GUEDES SANTANA


Nasci em Lisboa em 1964   onde vivi até Janeiro de 1976, tendo depois ido para o Brasil (Recife) com meus pais e irmãos. Recife é a terra natal de minha Mãe e onde vive a grande parte da sua família. Aqui passei a viver até agora, onde prossegui todos os estudos e desenvolvi as minhas atividades profissionais; onde casei.
Fiz o ensino primário e os primeiros anos do secundário em Lisboa, no Colégio Moderno (dirigido pela Drª Maria Barroso), que tiveram continuidade no Recife, no Colégio das Damas.
Fiz uma Licenciatura em Fonoaudiologia (1986)  na Universidade Católica de Pernambuco (Recife) e depois em Psicologia (2000), na Universidade Católica de Pernambuco Em 2002 fiz um curso de Pós-graduação em Dependência Química na Universidade Federal de São Paulo (Escola Paulista de Medicina). Acrescem alguns outros cursos de formação: MBA Executivo em Gestão de Pessoas (2008),  Universidade Gama Filho (Rio de Janeiro); Curso  Saúde e Qualidade de Vida (2010), na Universidade de Brasília/INSS; Curso Violência contra a mulher e o papel da notificação (2012), na Universidade Católica de Pernambuco em parceria com a Secretaria Estadual da Mulher (Recife); Curso Diversidade Sexual e Políticas Públicas: Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (2015), na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro/RJ.
Desde os primeiros dias de Novembro (2018) estou a viver em Espinho com o meu marido, para a realização dos nossos estudos de doutoramento. Eu, em Psicologia, na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, na Universidade do Porto. Ele, em  E Planeamento, no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e de Território, na Universidade de Aveiro.
A minha atividade profissional teve início em 1986, com desempenhos distintos:
  • Fonoaudíóloga (Terapia da Fala) no Hospital Agamenon Magalhães (Recife) - Atendimento a pacientes com as seguintes patologias: gagueira, dislexia, dislalia e afasias (1994 a 2006);
  • Desde 1986 e até agora (aposentada), no  Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no Recife (funcionária pública federal, admitida por concurso público), com desempenho de diversas atividades nos vários níveis da instituição, desde a análise de processos e reconhecimento de direitos dos utentes da Previdência Social, às ações de planeamento estratégico e capacitação, com participação em diversos programas institucionais, integrando grupos de trabalho e coordenando outros, dos quais destaco      o programa de Apoio aos Servidores Vítimas de Violência (Brasília), a implementação do sub sistema integrado do SIASS (Subsistema Integrado de Atendimento à Saúde do Servidor da Administração Pública Federal) no nordeste brasileiro e acompanhamento psicológico a servidores na Superintendência Nordeste e nas 23 Gerências existentes nos 9 estados que compõem a região (trabalho apresentado num Congresso em Brasília). Destaco também a realização de uma pesquisa na região nordeste sobre as causas da doença dos servidores públicos federais ( trabalho apresentado em Congresso dos Orgãos da Administração Pública Federal em Brasília), a colaboração na pesquisa sobre Eficiência da Área Meio e Agências da Previdência Social do INSS, na Administração Central em Brasília/ Diretoria de Atendimento do INSS(DIRAT) (Brasília), bem como no Programa de Redução de Gastos com Material de Consumo no Serviço Público (programa premiado em Brasília dentro do programa Esplanada Sustentável).
Para além da minha atividade profissional no INSS desenvolvida até agora, sou  Psicóloga, integrando um equipe multidisciplinar do Serviço de Apoio à Mulher Vítima de Violência Wilma Lessa, no Hospital Agamenon Magalhães (Recife).Este serviço, que é pioneiro no Brasil e funciona desde 2002, 24/24 horas, é composto por médicos ginecologistas e obstetras, enfermeiras, psicólogas e assistentes sociais, para apoio à mulher vítima de violência (física, sexual ou moral), que é posteriormente encaminhada à Delegacia da Mulher e ao Instituto Médico Legal. O atendimento psicológico que integro desde 2006, não se limita ao acolhimento inicial, mas a posterior acompanhamento, de forma a propiciar o fortalecimento da auto-estima da mulher e a transformação da sua vida.
2004/05 – Psicóloga,na Comissão da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal do Recife - Coordenadora Clínica do Centro de Atenção Psico Social para adolescentes usuários de álcool e outras drogas - CAPSad  Prof. Luiz Cerqueira. Desde 2000 – Psicóloga, com consultório particular: abordagem psicanalítica no atendimento a pacientes com diversos transtornos psíquicos: pacientes adolescentes e adultos com depressão, transtorno afetivo, dependentes químicos (redução de danos).
2014/16 – Conselheira Representante de Governo do Conselho de Recursos da Previdência Social do Ministério da Previdência Social.
2013 – À disposição do Tribunal de Justiça de Pernambuco para compor o Conselho de Sentença como membro do Tribunal do Júri (agosto a dezembro de 2013).
1999 até à presente data – Sócia fundadora, Vice-Presidente e Tesoureira da Associação Folia das Deusas: associação sem fins lucrativos, que tem por objetivo promover ações de apoio às mulheres em suas lutas por equidade de género, autonomia, oportunidades e justiça social.  Expressa-se socialmente através de um bloco carnavalesco, instrumento enraizado na cultura pernambucana, escolhido pela riqueza, vigor e vitalidade com que o Carnaval permeia, penetra e se espalha em todas as camadas da sociedade, propiciando uma forma lúdica de acesso aos diversos meios sociais.


 1.  Algumas considerações sobre o seu modo de ver e de trabalhar para os objetivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada a iniciativas da AMM e/ou a  novas propostas.  


Conheci a Associação Mulher Migrante e a sua dinâmica em Buenos Aires (2005), quando a convite da minha tia, Graça Sousa Guedes, me fez vir de S. Paulo (Brasil), onde me encontrava a fazer a pós -graduação na Universidade de S. Paulo, para assistir ao Encontro para a Cidadania, organizado pelo núcleo da Argentina. Adorei tudo o que vi e a sua extensão atlântica!. Adorei rever a minha querida diretora do Colégio Moderno, Drª Maria Barroso, com quem passei momentos fantásticos. Ainda se lembrava de mim e dos meus outros dois irmãos, também seus alunos.
Desafiada pela minha tia e pela Drª Manuela Aguiar, organizei no Recife, em Novembro de 2013 o Encontro EXPRESSÕES FEMININAS DE CIDADANIA – A MULHER PORTUGUESA NO RECIFE, que teve lugar no Salão Nobre do Gabinete Português de Leitura. Este Encontro integrou-se  numa série de iniciativas sobre a mesma temática que comemoraram ao longo de 2013, o 20º aniversário da Associação de Estudos Cooperação e Solidariedade " Mulher Migrante" e que ganharia no Recife um especial significado por se associar às comemorações do Ano de Portugal no Brasil.
Não pretendendo personalizar esta organização, atribuí-a à Associação Folia das Deusas, que havia fundado e da qual sou membro da direção. Uma associação, sem fins lucrativos, que tem como objetivo pro mover ações de apoio às mulheres a às lutas pela igualdade de género, de oportunidades e de justiça social.
Dirigido à comunidade portuguesa e luso-brasileira, a autoridades brasileiras, a universitários e especialistas de questões de género, este Encontro pretendeu dar visibilidade à contribuição da Mulher Portuguesa na disseminação da Ciência, Literatura, Arte, Cultura, Saúde, Educação, Justiça, Segurança Social, Desporto, Economia e Empreendedorismo na cidade do Recife e, por extensão, em outras comunidades do País, refletindo a sua projeção social e profissional neste espaço da diáspora portuguesa.


No Brasil, eventos desta natureza ganham especial contorno, não apenas pelos laços históricos que unem os dois Povos, mas também pelo relevante desenvolvimento económico do Brasil no cenário internacional, e pelo papel de crescente importância da mulher portuguesa e brasileira neste espaço da nossa lusofonia, com a identificação dos diversos caminhos que têm e vêm traçando.
Neste Encontro apresentei uma comunicação intitulada Mulheres vítimas de violência: um serviço modelo de atendimento no Recife, publicada Edição da Associação de Estudo, Cooperação e Solidariedade  Mulher Migrante (p.23). Espinho, 2015.
Em 2016 participei nas Comemorações do dia da Comunidade Luso-Brasileira (organização da Associação Mulher Migrante) na Biblioteca Municipal Dr. Marmelo e Silva em Espinho, com um  elato do Encontro EXPRESSÕES FEMININAS DE CIDADANIA - A MULHER PORTUGUESA NO RECIFE,
Sou sócia da Associação Mulher Migrante e a partir de Agosto deste ano, tive a honra de ser eleita Vice-Presidente desta Associação.


2. " A AMM propõe-se, desde as origens, ser uma plataforma de encontro de dois mundos - o do estudo e o da ação no terreno das comunidades, da solidariedade e da cooperação com o movimento associativo, em diálogo e debate contínuo."
  Como vê as possíveis aplicações concretas das suas linhas de investigação e/ou planos de ação no domínio das migrações e da Diáspora, com enfoque especial no feminino.


Agora a viver em Portugal para desenvolver os meus estudos de doutoramento em Psicologia na Universidade do Porto e que iniciei há semanas atrás, estou em condições logísticas para apoiar a Associação Mulher Migrante e também científicas que irei necessariamente desenvolver, que se enquadram nos objetivos desta associação.
Efetivamente, o tema da dissertação que irei elaborar nos próximos três anos (proposta apresentada na candidatura ao programa doutoral), propiciará o aprofundamento científico de uma problemática que tenho vivenciado como Psicóloga no Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa, a funcionar no serviço de emergência do Hospital Agamenon Magalhães, um dos principais hospitais públicos do Recife. A investigação baliza estudar as condições de saúde física, psíquica e de segurança da vítima de violência doméstica, decorrente do apoio recebido, bem como as repercussões posteriormente registadas.
O contexto académico em que passo a estar inserida, facilitará a realização de outras investigações que sejam do interesse da Associação Mulher Migrante.



GUILHERME VENANCIO SANTANA


Nasci em 1963, no Rio de Janeiro, onde vivi até aos 7 anos, altura em que mudamos para Brasília (Pais e irmãos) e onde vivi até ao meu casamento em 2011. É a partir desta data que passei a viver no Recife.
Fiz o ensino primário no Rio de Janeiro e em Brasília todos os restantes momentos formativos e profissionais.
Sou Bacharel em Administração (1990) pela União Pioneira de Integração Social – Brasília e em Direito (2010), pelo Centro Universitário Euroamericano  (UNIEURO) – Brasília/DF.
Complementando a minha formação universitária (Formação Complementar), possuo o MBA em Gestão de Pessoas Baseada em Competências (2004) realizado na Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal  (UNIDF) e a Licenciatura em Administração na Universidade de Brasília (Brasília). Também em Gestão em Projeto Social (1997), realizado pela Casa Civil/Presidência da Republica do Brasil, na ENAP.
Desde os primeiros dias de Novembro (2018) estou a viver em Espinho com o minha esposa (Berta Fernanda de Souza Guedes Santana), para a realização dos nossos estudos de doutoramento. Eu, em  E Planeamento, no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e de Território, na Universidade de Aveiro. Ela em Psicologia, na Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, na Universidade do Porto.


A minha atividade profissional teve início em 1982, no Ministério da Defesa. Secretaria da Aeronáutica, Praça Militar em Brasília, até 1994.
Desde 1994 e até à presente data (agora autorizado a realizar em Portugal os estudos de doutoramento na Universidade de Aveiro ) sou servidor público, concursado, do Instituto do Seguro Social (INSS), com o cargo de Administrador., destacando diferentes desempenhos: Administração Central do INSS. Assessoria de Planejamento Estratégico em Brasília (1994/2000);   Diretoria de Orçamento,Finanças e Logística (DIROFL) da Administração Central do INSS. Chefe da Seção de Logística ( Brasília – 2000/2011).
Desde 2011, com a minha mudança para o Recife (casamento),  integro a Superintendência Nordeste do INSS, na Divisão de Orçamento, Finanças e Logística (DIVOFL) do INSS (Chefe de Divisão).
Para além da minha atividade profissional no INSS, tenho desenvolvido ações sociais diversificadas:
Desde 1979 - Comunidade Eclesial de Base do Negro – Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB).
Desde 1993 - Comité de Entidades no Combate a Fome e pela Vida – COEP (Projeto Betinho. Parceria com Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, Estatais e Empresas Privadas). Voluntário Social Federal - Brasília.
Desde 1990 - Voluntário /Empreendedor  Social – Projeto Cooperativo de Produção Rural – ASPROFIC – Brasília.
Desde 1990 - Voluntário Social  – Igreja Católica e Entidades Religiosas
Desde 1990 - Voluntário /Empreendedor  Social – Projeto Cooperativo de Habitação Popular – ASSING e ASPROL – Brasília.
Desde 1993 – Comité de Entidades no Combate a Fome e pela Vida – COEP (Projeto Betinho. Parceria com Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, Estatais e Empresas Privadas). Voluntário Social Federal - Brasília.
Desde 2000 - Multiplicador em Projeto Social  – Projeto: Capacitar o Terceiro Setor – Brasília.
Desde 2014 tenho colaborado com o  Gabinete Português de Leitura do Recife, coordenando a realização  de eventos, exposição, exibição de filmes e captação de recursos para projetos.


 1.  Algumas considerações sobre o seu modo de ver e de trabalhar para os objetivos fundamentais da AMM, fazendo referência à colaboração já dada a iniciativas da AMM e/ou a  novas propostas.  


Conheci a Associação Mulher Migrante e a sua dinâmica através das suas publicações oferecidas pela minha tia (Graça Sousa Guedes) e pela minha mulher, que já havia estado em Buenos Aires no Encontro para a Cidadania, organizado pelo núcleo da Argentina.
Anos mais tarde, ajudei a minha esposa a organizar no Recife, o Encontro EXPRESSÕES FEMININAS DE CIDADANIA – A MULHER PORTUGUESA NO RECIFE, que teve lugar em Novembro de 2013 no Salão Nobre do Gabinete Português de Leitura. Este Encontro deveu-se ao desafio feito pela minha tia e pela Drª Manuela Aguiar, integrando-se  numa série de iniciativas sobre a mesma temática que comemoraram ao longo de 2013, o 20º aniversário da Associação de Estudos Cooperação e Solidariedade " Mulher Migrante". No Recife, este Encontro  ganharia no Recife um especial significado por se associar às comemorações do Ano de Portugal no Brasil.
Dirigido à comunidade portuguesa e luso-brasileira, a autoridades brasileiras, a universitários e especialistas de questões de género, este Encontro pretendeu dar visibilidade à contribuição da Mulher Portuguesa na disseminação da Ciência, Literatura, Arte, Cultura, Saúde, Educação, Justiça, Segurança Social, Desporto, Economia e Empreendedorismo na cidade do Recife e, por extensão, em outras comunidades do País, refletindo a sua projeção social e profissional neste espaço da diáspora portuguesa.
No Brasil, eventos desta natureza ganham especial contorno, não apenas pelos laços históricos que unem os dois Povos, mas também pelo relevante desenvolvimento económico do Brasil no cenário internacional, e pelo papel de crescente importância da mulher portuguesa e brasileira neste espaço da nossa lusofonia, com a identificação dos diversos caminhos que têm e vêm traçando.
Não pretendendo personalizar esta organização, atribuí-a à Associação Folia das Deusas, que havia fundado  com a minha esposa e da qual sou membro da direção. Uma associação, sem fins lucrativos, que tem como objetivo pro mover ações de apoio às mulheres a às lutas pela igualdade de género, de oportunidades e de justiça social.
Em 2016 estive presente nas Comemorações do dia da Comunidade Luso-Brasileira (organização da Associação Mulher Migrante) na Biblioteca Municipal Dr. Marmelo e Silva em Espinho, com um  elato do Encontro EXPRESSÕES FEMININAS DE CIDADANIA - A MULHER PORTUGUESA NO RECIFE,
Sou sócio da Associação Mulher Migrante a partir de Novembro deste ano.


2. " A AMM propõe-se, desde as origens, ser uma plataforma de encontro de dois mundos - o do estudo e o da ação no terreno das comunidades, da solidariedade e da cooperação com o movimento associativo, em diálogo e debate contínuo."
  Como vê as possíveis aplicações concretas das suas linhas de investigação e/ou planos de ação no domínio das migrações e da Diáspora, com enfoque especial no feminino.


Agora a viver em Portugal para desenvolver os meus estudos de doutoramento em E Planeamento, no  Ciências Sociais, Políticas e de Território, na Universidade de Aveiro e que iniciei há semanas atrás, estou em condições logísticas para apoiar a Associação Mulher Migrante e também científicas que irei necessariamente desenvolver, que se possam  enquadrar nos objetivos desta associação.

O contexto académico em que passo a estar inserido, facilitará a realização de outras investigações que sejam d
o interesse da Associação Mulher Migrante.



NARRATIVA
Humberta Araújo
Não me vejo como uma exceção, mas quando se nasce numa planície branca, e onde as memórias mais queridas te transportam para a ilha, é sem dúvida difícil dizer-se de onde se é, ou de onde se veio.
Eu sou filha de pai e mãe dos Açores, ilha de S, Miguel. A família emigrou em 1960 e eu nasci em 1961, em Vanderhoof,, British Columbia. Não me perguntem pormenores da vila onde nasci, porque dela tenho muito poucas recordações.  As primeiras memórias mais vivas são de Montreal, para onde a família se mudou após 4 anos, em diversas localidades na Columbia Britânica.
Mais tarde, o pai com saudade do mar – era pescador de profissão – e contra os amuos de minha mãe, que como muitas mulheres engolira todas as lágrimas que tinha de engolir, fazendo-se a pouco e pouco aos braços do Canadá, - regressa às ilhas, comigo “à tiracola”.
Aos 7 anos, e no segundo dia de escola primária na freguesia do Pico da Pedra, a minha avó Beatriz, ainda com cheiro a farinha de milho acabada de escaldar, leva-me ao pequeno estabelecimento escolar, situado no lombo da rua 24 de Agosto, para ter uma conversa com a professora, que me havia mandado para casa no dia anterior, porque não ensinava a estrangeiras.
Não sei o que lhe disse a minha avó, mas sei que fiquei na escola e,  seria da varanda da mesma escola, que me apaixonei pela primeira vez. Histórias à parte, completei mais tarde os estudos secundários no Liceu Antero de Quental, em Ponta Delgada. Por acaso, dei há dias com a  minha caderneta escolar, e vi que aos 16 anos - quando completava o último ano no Liceu - já escrevia com um pseudônimo (Ojuara) para o Jornal Correio dos Açores, em Ponta Delgada.
O que escrevi – estava-se nos meses quentes depois da revolução - teve um tal impacto, que muitas respostas vieram em outros jornais de S. Miguel. As respostas atacavam o impostor (não sabiam que o autor eu era uma jovem de 15 anos), que tinha tido a ousadia de contrariar as tradições religiosas e patriarcais da ilha.
Esta colaboração valeu-me um desafio do então diretor do jornal para experimentar o jornalismo. Meses mais tarde estava eu, como assistente de redação na RTP/Açores, ela também a dar os seus primeiros passos.
Mas a ilha, com todos os seus encantos e a solidão que nela se experimenta, empurrava-me para o lugar onde nasci. Nos anos 80, e numa jornada difícil e muito dura, decidi regressar ao Canadá. Após ter trabalhado em fábricas, em restaurantes, em limpezas, e cuidando de crianças “live-in nanny”, acabei por reencontrar o jornalismo em Montreal, no jornal a Voz de Portugal.
Vou para a Universidade de Concordia: Estudos de Comunicação e mais tarde para a Queen’s: Relações Internacionais e Interculturais.  Estudos acabados e, com a saudade a matar, regresso às ilhas. Sou jornalista no Açoriano Oriental, regressando depois à casa mãe, a RTP/Açores e RDP. Passo 3 anos na rádio do Clube Asas do Atlântico, na ilha de Santa Maria, como chefe de redação.
Mãe solteira regresso ao Canadá onde me encontro desde 2004.
Atualmente sou Curadora na Galeria dos Pioneiros Portugueses em Toronto, artista têxtil, escritora com 4  livros infantis publicados, assim como poesia e contos em inglês e português. O jornalismo continua uma paixão no MilenioStadium em Toronto. Agora, com um novo projeto, o Baú da Avó, um museu do brinquedo artesanal em Toronto, regresso ao mundo maravilhoso das infâncias das nossas avós.


QUESTIONÁRIO
1 - Eu vejo a AMM como uma organização que pode ter um papel importante na exposição da cultura feminina na diáspora, através da divulgação de estudos já existentes, incentivando a investigação em temas que lhe são relevantes e ainda através do apoio de atividades artísticas e outras, que caracterizem o ambiente das mulheres na diáspora canadiana.
Acho que pode ter também um papel mais ativo nas áreas que dizem respeito às mulheres portuguesas/luso canadianas, na divulgação de apoios, programas ou outros do governo português, que possam ter um papel positivo e pratico nas suas vidas.
Neste aspeto e dada a minha experiência como escritora, artista, jornalista e curadora da Galeria dos Pioneiros Portugueses e fundadora do Museu do Brinquedo Português em Toronto o Baú da Avó, posso apoiar em algumas iniciativas de divulgação de programas e apresentando propostas de intercâmbio e promoção da organização.


2. Como referi, acho que a instituição pode ter um papel ativo junto das mulheres, para que seja reconhecida como parceira importante nas políticas e ações que reflitam a situação atual da mulher migrante. Os problemas que as mulheres atravessam no Canadá são muito peculiares, e vão desde o emprego precário, salários abaixo do salário mínimo, falta de participação ativa na vida do país e do seu munícipio, questões relacionadas com a documentação, assedio e violência sexual no meio familiar e no emprego, isolamento das mulheres idosas, para além de muitas outras questões, que afetam as suas vidas.

Concretamente: ações práticas de divulgação junto de organizações que trabalham com mulheres, nos media e nas celebrações culturais que abundam pela comunidade; incentivar o interesse das investigadoras/es tanto em Portugal como nas diásporas pelo estudo, in loco, da condição da mulher imigrante e a divulgação de apoios e outros, através da AMM, do estado português.