Prof. Doutora Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática do ISCS-N
graça.guedes@iscsn.cespu.pt
RESUMO
O comportamento social da mulher e o desenvolvimento dos mecanismos responsáveis pelo seu ajustamento, ocorre em função da cultura, que parece funcionar como elemento determinante do seu bem–estar.
A auto-estima e o auto-conceito da mulher ocidental, reflecte o efeito de uma forte influência social, agindo como fonte de possíveis desajustamentos ou de conflitos interpessoais, com repercussões na sua imagem corporal e na sua saúde mental.
As diferenças de género, bem impressas nas estruturas sociais e mentais (Bordieu, 1996), potenciam-se ainda hoje no âmbito da Actividade Física e do Desporto.
Num diálogo intercultural, as mulheres e as jovens da diáspora portuguesa têm utilizado ACTIVIDADES FÍSICAS em forma de DANÇA, que é dinamizada nas Associações portuguesas espalhadas pelo mundo.
Dançando o nosso património cultural, preservam-no, valorizam-no e divulgam-no, numa participação espontânea, alegre, activa, motivadora e paritária, que importa não ser interrompido pelas novas gerações.
Para que os jovens e as jovens de origem portuguesa continuem a desempenhar este papel, é necessário providenciar motivações, com actividades adequadas e atractivas, para que frequentem estes espaços portugueses e continuem o papel desempenhado pelos seus pais, com igual dinamismo e vontade de preservar a língua e a cultura portuguesa.
· Directora do Departamento de Ciências do Desporto do ISCS-N
Presidente da Assembleia Municipal de Espinho
Presidente da Assembleia Geral do Sporting Clube de Espinho
Vice-Presidente da Assembleia Geral do Orfeão de Espinho
DESPORTO e CIDADANIA – AS ACTIVIDADES FÍSICAS DAS PORTUGUESAS NO DIÁLOGO INTERCULTURAL
Prof. Doutora Maria da Graça Sousa Guedes
Professora Catedrática do ISCS-N
graça.guedes@iscsn.cespu.pt
INTRODUÇÃO
O comportamento social da mulher e o desenvolvimento dos mecanismos responsáveis pelo seu ajustamento, ocorre em função da cultura, que parece funcionar como elemento determinante do seu bem–estar.
A auto-estima e o auto-conceito da mulher ocidental, reflecte o efeito de uma forte influência social, agindo como fonte de possíveis desajustamentos ou de conflitos interpessoais, com repercussões na sua imagem corporal e na sua saúde mental.
As diferenças de género, bem impressas nas estruturas sociais e mentais (Bordieu, 1996), potenciam-se ainda hoje no âmbito da Actividade Física e do Desporto.
Num diálogo intercultural, as mulheres e as jovens da diáspora portuguesa têm utilizado ACTIVIDADES FÍSICAS em forma de DANÇA, que é dinamizada nas Associações portuguesas espalhadas pelo mundo.
Dançando o nosso património cultural, preservam-no, valorizam-no e divulgam-no, numa participação espontânea, alegre, activa, motivadora e paritária, que importa não ser interrompido pelas novas gerações.
Para que os jovens e as jovens de origem portuguesa continuem a desempenhar este papel, é necessário providenciar motivações, com actividades adequadas e atractivas, para que frequentem estes espaços portugueses e continuem o papel desempenhado pelos seus pais, com igual dinamismo e vontade de preservar a língua e a cultura portuguesa.
CORPORALIDADE VERSUS GÉNERO FEMININO
Na grande maioria das sociedades humanas, existe um desequilíbrio entre géneros: a mulher percepciona-se inferior ao homem no desempenho de papéis socialmente determinantes, ocasionando conflitos que interferem na sua auto-estima.
Segundo Fox (1998), é com frequência que as mulheres não têm confiança nas suas habilidades, quando se comparam com os homens, pelo que interfere na sua auto-confiança e na relação com o seu corpo, bem como nas expectativas das suas eficácias no Desporto.
A auto-estima e o auto-conceito da mulher ocidental, reflecte o efeito de uma forte influência social, seguido como fonte de possíveis desajustamentos ou de conflitos interpessoais, com repercussões na sua imagem corporal e na sua saúde mental.
É cada vez maior o número de mulheres que recorrem à prática de actividades físicas, com a finalidade de encontrarem o seu bem-estar psicológico e assim combaterem os efeitos de conflitos internos e de pressões causadas pelo modelo social, que se traduzem em ansiedade, depressão, folias, alterações negativas de humor, do auto-conceito e de auto-estima.
As diferenças de género, que estão bem impressas nas estruturas sociais e mentais (Bordieu, 1996), parecem potenciar-se no âmbito de Actividade Física e do Desporto.
Verifica-se o desenvolvimento de atitudes preconceituosas e de estereótipos de género, que são limitadores na construção de feminilidade e de masculinidade. Incutem, subtilmente, a ideia de uma imagem hegemónica masculina, expressa num padrão legítimo de masculinidade (Botelho Gomes et al., 2002)
Hoje são consensuais as noções de que a actividade física regular assume um papel relevante na promoção de um estilo de vida saudável e de que níveis elevados de actividade de uma participação similar quando adultos. No entanto, a realidade portuguesa tem revelado uma fraca aquisição de hábitos desportivos, tanto nos homens quanto nas mulheres, sendo este quadro ainda mais preocupante no que se refere às mulheres (Marivoet, 1998), condicionando assim a sua qualidade de vida.
Num estudo desenvolvido por Marivoet (2001) sobre os hábitos desportivos da população portuguesa e realizado no concelho de Matosinhos (Quadro nº. 1), da qual foi seleccionada uma amostra constituída por 450 alunos, com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos, sendo 224 do género feminino (50,2%) e 226 do género masculino (49,8%), foi constatado que a maioria dos alunos (55,8%) são praticantes desportivos, para além das práticas nas aulas regulares de Educação Física, mas são sobretudo do género masculino (71,2%).
Quadro nº. 1 – Hábitos desportivos da população portuguesa
Praticantes Não Total
Praticantes
N % N % N %
Feminino 90 40,2% 134 59,8% 224 100%
Género
Masculino 161 71,2% 65 28,8% 226 100%
Total
251
55,8%
199
44,2%
450
100%
Marivoet (2001)
Há esperança de um novo rumo para a prática desportiva dos jovens, sobretudo se verificar a evolução registada num estudo desenvolvido no Instituto de Desporto de Portugal (Quadro nº. 2) e realizado por Adelino; Vieira & Coelho (2004), onde é comparada a percentagem de jovens, com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos que praticam desporto federado e com base nos censos populacionais de 1991 e de 2001.
Apesar desta evolução, é importante que os políticos desportivos e as instituições responsáveis pela sua aplicação, tomem as medidas necessárias para concretizar as intenções manifestadas na legislação portuguesa e nas cartas e acordos internacionais, de forma a que cada vez mais os cidadãos, independentemente o género, acedam ao Desporto.
Quadro nº. 2 – Praticantes de desporto federado (10 / 16 anos de idade)
Praticantes
1998
2004
Masculinos
Praticantes
91874
20,7%
109790
27,3%
Dados do Censo
44415
402646
Femininos
Praticantes
24885
5,9%
53358
9,2%
Dados do Censo
421930
384971
Total
Praticantes
116759
13,5%
145148
18,4%
Dados do Censo
866081
787617
Adelino; Vieira & Coelho (2004)
A MULHER, O DESPORTO E OS “MASS MEDIA”
Actualmente, as mulheres não só competem, como praticam todas as modalidades desportivas; obtêm também cada vez com melhores resultados.
No entretanto, a cobertura que os “mass media” efectuam no desporto feminino é significativamente inferior à efectuada no desporto masculino.
Diversos estudos realizados noutros países acerca da cobertura televisiva e dada pela imprensa escrita sobre o desporto feminino e masculino, revelam que o desporto feminino recebe pouca atenção, quando comparado com o masculino (Crossman et al; 1994; Duncan et al; 1994; Hargreaves, 1994; Lever & Wheeler, 1984).
Em Portugal, num estudo realizado por Pinheiro & Queiroz (2003) durante um mês em dois jornais diários - um desportivo (A Bola) e um generalista (Jornal de Noticias) - tendo excluído todas as referências ao futebol, a tabelas de resultados, a agendas desportivas, a artigos de opinião e a notícias breves, esta realidade é confirmada (Quadro nº. 1).
Quadro nº. 3 – Os mass media e o desporto versus género
Género
A Bola
Jornal de Notícias
Artigos
Masculino
Feminino
Misto
334
72
32
225
31
17
Fotografias
Masculino
Feminino
Misto
337
66
15
135
22
2
Pinheiro & Queiroz (2003)
Para a análise, elegeram as seguintes categorias: artigos/notícias e fotografias de atletas portuguesas e estrangeiros.
Cada categoria foi dividida em sub-categorias: masculino (artigo ou foto), feminino (artigo ou foto) e misto, cujos resultados se apresentam a seguir (Quadros nº. 3 e 4).
Quadro nº. 4 – Os mass media, o espaço físico das notícias versus género
Artigos/Fotos
Jornal de Notícias
A Bola
Género
N
Média
SD
N
Média
SD
Espaço físico
(cm2)
Artigos masculinos
225
39,3848
32,9598
335
111,2550
49,7169
Artigos femininos
31
20,8497
16,7290
72
86,2736
53,2259
Artigos mistos
57,5612
52,5373
120,7000
65,5275
Espaço físico
(cm2)
Fotografias masculinas
135
42,0467
50,7668
337
113,5469
93,3389
Fotografias femininas
22
24,9127
31,5451
66
109,9805
83,2288
Fotografias mistas
69,985
81,3385
120,4567
108,4523
Pinheiro & Queiroz (2003)
Posteriormente, cada uma das sub-categorias foi analisada em função do número de artigos/notícias e fotografias, do espaço físico ocupado, da sua colocação em cada página (topo, centro e baixo) – Quadro nº. 5.
Quadro nº. 5 – Os mass media e a colocação dos artigos versus género
Artigos
Fotografias
Masculinos
Femininos
Mistos
Masculinas
Femininas
Mistas
Jornal de Notícias
Topo
N
76
17
3
51
9
1
%
27,8
6,2
1,1
32,1
5,7
0,6
Centro
N
53
5
5
40
5
1
%
19,4
1,8
1,8
25,2
3,1
0,6
Baixo
N
42
5
7
13
4
%
15,4
1,8
2,6
8,2
2,5
Centro/Topo
N
34
4
1
23
4
%
12,5
1,5
0,4
14,5
2,5
Centro/Baixo
N
20
1
8
%
7,3
0,4
5
Total
N
225
31
17
135
22
2
82,4
11,4
6,2
84,9
13,8
1,3
A Bola
Topo
N
17
1
58
2
2
%
3,9
0,2
13,9
0,5
0,5
Centro
N
17
5
1
43
7
2
%
3,9
1,1
0,2
10,3
1,7
0,5
Baixo
N
69
30
8
67
14
4
%
15,8
6,8
1,8
16
3,3
1
Centro/Topo
N
139
21
15
98
26
7
%
31,7
4,8
3,4
23,4
6,2
1,7
Centro/Baixo
N
92
15
8
54
15
%
21
3,4
1,8
12,9
3,6
Total
N
334
72
32
337
66
15
%
76,3
16,4
7,3
80,6
15,8
3,6
Pinheiro & Queiroz (2003)
Os resultados apresentados nos quadros 3,4 e 5, revelam efectivamente que se continua a verificar uma certa descriminação pela imprensa escrita portuguesa, acompanhando a tendência detectada em outros estudos desenvolvidos em Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Finlândia.
Para Ducan et al. (1994), a pequena atenção dedicada ao desporto feminino, bem como a forma como são frequentemente tratados os atletas e também como são efectuados os comentários e a linguagem que é utilizada, tendem a reforçar a desigualdade entre géneros.
Tal como refere Gerbner (1978, cit in Boutellier & SanGiovanni, 1983: 185), a menor atenção dedicada ao desporto feminino constitui na realidade “… uma imaginação simbólica de mulher”. Os meios de comunicação social ajudam assim a veícular a ideia de que o desporto feminino não é tão importante quanto o masculino e, como tal, as mulheres atletas e as suas prestações desportivas não são merecedoras da mesma atenção que é dada à dos homens atletas.
Para além de continuarem a mostrar o Desporto como área essencialmente masculina, ajudam a perpetuar ideias estereotipadas de feminilidade e de masculinidade.
Uma maior abertura do desporto feminino na comunicação social, pode efectivamente ajudar a mudar estas ideias estereotipadas relativas ao envolvimento de mulher em práticas desportivas, bem como às ideias inerentes às suas habilidades motoras e, consequentemente, encorajar mais raparigas e mulheres para o desporto.
Com a maior divulgação pelos mass media, as várias mulheres atletas podem inclusivamente funcionar como modelos para as jovens e assim favorecer o aumento dos hábitos de práticas corporais da população feminina.
Todos os atletas, sejam homens ou mulheres, merecem a mesma atenção. Uma atenção equilibrada, já que as relações entre géneros no desporto, assim como em qualquer outra prática social, são relações de poder (Hargreaves, 1994).
Estas preocupações, que exigem mudanças de mentalidade e pressupõem legislação própria, sensibilizou já o Conselho da Europa.
Efectivamente, a Comissão sobre a Igualdade de Oportunidades para as Mulheres e os Homens da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, elaborou recentemente um documento redigido pela Dra. Manuela Aguiar e intitulado “Descriminação contra as mulheres e jovens nas actividades desportivas”, que constituiu a Recomendação 1701 (2005), discutida e aprovada por aquela Assembleia em 27 de Abril do corrente ano.
Esta recomendação partiu de dois grandes objectivos:
A – As mulheres são confrontadas com numerosas descriminações no acesso à prática desportiva amadora e profissional, que são contrários aos princípios do Conselho da Europa. A persistência de estereótipos, a falta de estruturas de enquadramento e de apoio às mulheres desportivas e às jovens dotadas de um potencial desportivo, a dificuldade de conciliar a vida profissional / desportiva e familiar, a difícil reinserção no mundo do trabalho, uma cobertura mediática insuficiente dos desportos praticados pelas mulheres e os financiamentos privados limitados, são manifestações destas descriminações.
B – A Assembleia Parlamentar deveria pedir ao Comité dos Ministros do Conselho da Europa para desenvolver um “Estratégia para as Mulheres e os Desportos”, para desigualmente promover a participação das mulheres e dos jovens em actividades desportivas desde a escola e ao longo de toda a vida, considerando a dimensão do género nas políticas do desporto, apoiar os desportos femininos e a prática do desporto de alta competição, favorecer a participação das mulheres nas instancias dirigentes e encorajar uma melhor cobertura mediática dos desportos femininos.
A MULHER DA DIÁSPORA PORTUGUESA E O DIÁLOGO INTERCULTURAL
O associativismo na diáspora portuguesa constituiu uma forma de conjugar indivíduos com interesses ou gostos análogos, que tem favorecido a implementação de objectivos comuns: convivência social, prossecução de práticas culturais, recreativas e desportivas, para além da defesa de interesses nos centros de saúde, do trabalho, das condições de vida, da política (Guedes, 1995).
As Associações portuguesas espalhadas pelo mundo, podem efectivamente ser consideradas como um processo globalizante de interpretações sociais e um meio privilegiado para o estabelecimento de um diálogo intercultural, que se alicerça no fortalecimento dos seus próprios valores culturais.
O elevado número de associações que abrange todos os continentes, reflecte a espontânea necessidade em manter e cultivar a sua própria identidade, de forma a criar mecanismos próprios para defesa dos seus interesses, bem como para manifestar uma presença activa no país de acolhimento.
Nestes espaços de convívio que os portugueses criaram em todo o mundo e que se destinam à sua sobrevivência cultural, são desenvolvidos diferentes tipos de actividades. Pode haver algumas diferenças, dependentes das suas motivações, mas em quase todas elas há Desporto e há Folclore.
Tive a oportunidade de conhecer grande parte delas e de trabalhar com os Grupos de Folclore, reconhecendo um empenho extraordinário de todos e uma vontade de melhorar e aumentar os seus reportórios, que reflectiam uma Cultura Motora que recorria às suas memórias.
No Encontro Mundial de Mulheres Migrantes, realizado em Espinho em 1995, apresentei um estudo que realizei acerca do papel do Folclore na aculturação dos povos, no qual foram quantificados os grupos então existentes nas Associações e distribuídos pelos continentes (Quadro nº. 6).
Haverá provavelmente alguma alteração nestes valores e que valerá a pena actualizar, uma vez que estão decorridos dez anos. E, complementarmente, conhecer mais acerca das modalidades desportivas existentes, quantidade de participantes envolvidos e distribuídos em função do género e idade.
Quadro nº 6 - Grupos de Folclore nas Associações Portuguesas
CONTINENTES
ASSOCIAÇÕES
GRUPOS DE FOLCLORE
EUROPA
1057
446
ÁFRICA
100
22
AMÉRICA DO NORTE
448
94
AMÉRICA CENTRAL E DO SUL
289
74
TOTAL
1894
636
Guedes, 1995
As danças, assim como cantares, constituem um património cultural extremamente rico e diversificado, com o qual os portugueses da diáspora se identificam e se formam agentes de preservação das suas tradições.
Interpretam-nas com um grande prazer e orgulho, na certeza de estarem a contribuir para que sejam mantidas vivas as suas raízes e, consequentemente, fortalecerem o diálogo entre os dois universos que os condicionam.
E nelas podem participar todos, não importa a idade e o género. Mesmo quando não dançam, fazem parte dos coros ou dos grupos instrumentais que as acompanham.
O Folclore, é efectivamente praticado em quase um terço das Associações. E, porque as danças portuguesas são caracterizadamente realizadas aos pares, há necessariamente uma participação com paridade entre géneros.
Para além destas práticas corporais constituírem um celeiro de novas sementes, que fertilizam a dinâmica corporal expressa em dança, há também relações de género.
Há educação estética, como processo formativo do ser humano, mas também como processo de abertura e de ampliação das capacidades de sinalização para aceite, em relação ao outro (género) e em relação ao mundo (educação) que não pode ser desvalorizado nem interrompido, com uma participação cada vez maior e atractiva para os mais novos.
No Desporto, a participação feminina não será significativa, não porque tenham sido levantados dados relativos a este tipo de envolvência, mas por conhecimento pessoal obtido nas visitas às Associações.
As jovens e as mulheres portuguesas dançam o nosso património cultural, preservando-o e divulgando-o, numa participação espontânea, alegre, activa, motivadora e paritária.
Há certamente muitas jovens que praticam desportos e ao mais elevado nível, como também de outras actividades culturais. Estarão provavelmente distantes da comunidade portuguesa e não utilizam as suas performances para atraírem e motivarem os mais novos para as práticas que dominam. Mas estas jovens podem ser agentes excelentes para as dinamizarem nas Associações portuguesas.
Consequentemente, estes espaços ficariam enriquecidos com a presença constante das novas gerações e de novas actividades, que arrastariam os amigos e potencializariam cada vez mais estes magníficos espaços portugueses espalhados pelo mundo.
Para tal, importa que as suas Direcções consciencializem a importância destes contributos, que irão dar continuidade ao contributo notável que têm dado para a concretização de um processo globalizante de interpretações sociais neste meio privilegiado onde se estabelece um diálogo intercultural, alicerçado no fortalecimento dos seus próprios valores culturais.
Esta foi a mensagem que levei aos Encontros para a Cidadania realizados em Buenos Aires (Novembro de 2006), em Estocolmo (Março de 2007), em Newark e Montreal (Junho de 2007), em Joanesburgo (Fevereiro de 2008), procurando contribuir para uma maior e mais diversificada participação de todos e de todas nestes espaços da língua e da cultura portuguesa espalhados pelo mundo.
E, como exemplo, aqui expresso a síntese da minha intervenção em Joanesburgo:
No percurso da mulher no mundo do desporto, as mulheres e as jovens têm utilizado práticas corporais em forma de dança, que é dinamizada nas Associações portuguesas espalhadas pelo mundo.
Estas práticas corporais, que constituem formas de agir do corpo e integradas numa visão alargada do Desporto, propiciam o diálogo intercultural, numa participação espontânea, alegre, motivadora e paritária.
Na África do Sul, onde a prática desportiva é obrigatória na Escola, há numerosas representações de descendentes portuguesas que têm atingido níveis de excelência na prática de diversificados Desportos e que poderão ser agentes activos e dinamizadores das suas especialidades nas Associações das suas zonas habitacionais.
Para estes espaços de convívio que os portugueses criaram em todo o mundo e destinados à sua sobrevivência cultural, há necessidade de se reformularam as actividades que aí são desenvolvidas, de forma a atraírem os mais jovens, com a dinamização de modalidades desportivas que sejam adequadas às suas motivações e, para a qual se desafiam as mulheres a terem um papel mais activo na direcção de núcleos que se responsabilizarão pela sua implementação e , para a qual, basta a sua vontade , bem como a vontade dos dirigentes, que muito certamente gostariam de ver as suas associações cada vez mais dinâmicas e cada vez mais com a participação de todos, não importa a idade e o género, razão pela qual também sugeri a criação de Universidades Seniores.
CONCLUSÃO
Apesar de ser cada vez maior o número de mulheres que recorrem à prática de actividades físicas, com a finalidade de encontrarem o seu bem-estar psicológico, a sociedade portuguesa é ainda hoje impressa de atitudes preconceituosas e de estereótipos de género, que são limitadores de uma prática desportiva feminina mais dinamizada, diversificada e divulgada.
Também uma maior cobertura do desporto feminino na comunicação social, que é significativamente inferior à efectuada no desporto masculino, poderá ajudar mudar as ideias estereotipadas relativas ao envolvimento das jovens e das mulheres em práticas desportivas, bem como às ideias inerentes às suas habilidades técnicas e, consequentemente, encorajar mais raparigas e mulheres para o desporto.
Nas Associações, esses espaços de convívio que os portugueses criaram em todo o mundo e que se destinam à sua sobrevivência cultural, são desenvolvidos diferentes tipos de actividades, onde o desporto e o folclore são uma constante.
Se, no desporto, a participação feminina não será significativa, no folclore há paridade de géneros, na medida em que as danças portuguesas que praticam são realizadas aos pares, tal como é caracterizada a dança tradicional portuguesa.
As jovens e as mulheres portuguesas dançam o nosso património cultural, preservando-o e divulgando-o, numa participação espontânea, alegre, activa, motivadora e paritária.
Há certamente muitas jovens que praticam desportos e ao mais elevado nível, como também de outras actividades culturais. Estarão provavelmente distantes da comunidade portuguesa e não utilizam as suas performances para atraírem e motivarem os mais novos para as práticas que dominam.
Mas estas jovens podem ser agentes excelentes para as dinamizarem nas Associações portuguesas.
Consequentemente, estes espaços ficariam enriquecidos com a presença constante das novas gerações e de novas actividades, que arrastariam os amigos e potencializariam cada vez mais estes magníficos espaços portugueses espalhados pelo mundo.
Importa que as suas Direcções consciencializem a importância destes contributos, que irão dar continuidade ao contributo notável que têm dado para a concretização de um processo globalizante de interpretações sociais neste meio privilegiado onde se estabelece um diálogo intercultural, alicerçado no fortalecimento dos seus próprios valores culturais.
BIBLIOGRAFIA
ALTERMANN, D & STOLL, O. (2000). Effects of Physical Exercise on Self-Concept and Well-Being. International Journal of Sport Psychology, 30,47-65.
BORDIEU,P. (1999). A Dominação Masculina. Oeiras: Celta Editora.
BOTELHO GOMES P; SILVA, P. & QUEIRÓS, P. (2002). Para uma Estrutura Pedagógica Renovada, Promotora de Coedunação Desportiva. Comunicação apresentada no Simposium As Mulheres e o Desporto. Lisboa: Novembro de 2002.
FOX, R.K. (1998). Advances in Measurement of the Physical Self. In. J.L, Luda (Ed.), Advances in Sport and Exercise Measurement. Morgantown: Fitness Information Technology
MERLEAU-PONTY, M. (1945). Phenomenologie de La Perception. Paris : Gallimard.
SEIXAS, D. & DUARTE, A.M (2003). Auto Conceito, Auto Estima e Satisfação com a Vida de Mulheres da cidade do Recife, Praticantes e Não Praticantes de Actividade Física. Comunicação apresentada no I Congresso Internacional Mulheres e Desporto: agir para a mudança. Porto: Novembro de 2003.
SILVA, P; BOTELHO GOMES, P.B. GRAÇA, A (2003). Estudo dos Preconceitos de Alunos e alunas acerca do Desporto no Masculino e no Feminino. Comunicação apresentada no I Congresso Internacional Mulheres e Desporto: agir para a mudança. Porto: Novembro de 2003.
SOUSA GUEDES, M.G. (1995). O Papel do Folclore na Aculturação dos Povos; os portugueses no mundo. Actas do Encontro Mundial de Mulheres Migrantes – Gerações em Diálogo. Espinho: Março de 1995.
SOUSA GUEDES, M.G. (2005). As Mulheres Portuguesas em Movimento. Encontros para a Cidadania: a igualdade entre homens e mulheres nas comunidades portuguesas - Argentina. Buenos Aires, Novembro de 2005.
SOUSA GUEDES, M.G. (2006). A não igualdade entre géneros no Desporto. Encontros para a Cidadania: a igualdade entre homens e mulheres nas comunidades portuguesas - Europa. Estocolmo, Março de 2006.
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